O grande vencedor. |
Será que os ingleses são imprevisíveis ou as empresas de
sondagens em Inglaterra simplesmente incompetentes?
Ontem, o meu Jornal de sempre, dizia-me que os Trabalhistas
estavam a um ponto percentual dos Conservadores, um dia antes das eleições, um
empate técnico, diziam eles.
Hoje, o meu Jornal, diz que à boca das urnas, as projecções
dão 316 deputados para os Conservadores e 239 para os Trabalhistas, uma
autentica banhada...
O que é que aconteceu com os ingleses de um dia para o
outro? – Dormiram mal? – Tiveram pesadelos? – O futuro assusta-os?
A Inglaterra é um país naturalmente conservador no seu
espaço rodeado de água por todos os lados vivendo muito compenetrado nas suas
tradições seculares que incluem aquela realeza que a nós, europeus
republicanos, nos fazem sorrir por lembrar as histórias dos reis e princesas
que as nossas avós nos contavam.
E depois, eles choram, riem, comovem-se se um deles morre ou
se aqueles dois casam, sem esquecer os tiros de canhão para assinalar os
nascimentos dos príncipes ou das princesas.
Eu era rapazinho quando, em 1957, Isabel II visitou Lisboa. Lembro-me
bem... ficou admirada com o branco dos cavalos que puxavam a carruagem que a
foi esperar, era então Presidente da República, o General Craveiro Lopes.
- “E eu a pensar que
os meus cavalos eram brancos antes de ver os teus”... terá ela dito, admirada, para
o General.
Julgo mesmo que este terá sido um dos momentos altos da
visita: o branco dos cavalos.
Mas a sério, para nós portugueses, depois daquela história
do Ultimato por causa do Mapa Cor- de- Rosa em África, é muito difícil gostar
deles, isto se tivermos memória histórica.
A outra alternativa é tentar compreendê-los na força das
suas tradições que os moldaram e fizeram deles por um determinado período da
história a maior potência comercial, marítima e militar, aquele país europeu
que em qualquer ponto do globo via o sol nascer saudado pela sua bandeira. Gabavam-se e era verdade.
Eu admiro os ingleses nas suas qualidades e detesto-os nos
seus defeitos como pertence a um latino.
Vamos esquecer aquele momento triste para Portugal, a 11 de
Janeiro de 1890 em que eles ameaçaram bombardear Lisboa se nós não cedêssemos às
suas exigências em África. Bebemos, então, até à última gota o cálice da
humilhação.
Vingámo-nos, logo de seguida, com o Hino Nacional de Alfredo
Keil através do qual “contra os canhões marchámos... marchámos”, mas a
verdadeira vingança veio mais tarde, muito mais tarde, em Julho de 2004 quando
os eliminámos nos quartos-de-final, no Campeonato Europeu de Futebol,
derrotando-os no desempate por grandes penalidades depois do 2-2 do tempo
regulamentar com o guarda-redes Ricardo a defender sem luvas o penalti marcado por Ashley Cole e a fazer ele, guarda-redes, o remate da vitória aos 119 minutos para supremo gáudio dos lusitanos.
Bem feito para aprenderem a não fazer ultimatos!
Bem feito para aprenderem a não fazer ultimatos!
Mas é preciso perceber uma coisa importante, os ingleses não
fazem nada por mal... apenas defendem os seus interesses da forma que julgam
mais inteligente, mas nem sempre ganharam. Por exemplo, perderam a colónia que
tinham na América do Norte mas foram os grandes responsáveis “dando o peito às
balas” na luta contra a Alemanha nazi, com “sangue, suor e lágrimas” como disse
Winston Churchill que perdeu estas mesmas eleições para os Conservadores depois
de ter dado a vitória à Inglaterra na II G.G. Mundial.
Talvez os ingleses sejam mesmo imprevisíveis e o mal não
esteja nas empresas de sondagens...
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