Era o dia de
Todos os Santos do Ano de 1755. Às 9h30 da manhã uma grande parte dos lisboetas
ou já se encontrava dentro das Igrejas ou para elas se dirigiam para celebrarem
a data religiosa. A família Real estava ausente, a pedido das princesas, tinham
saído de fim-de-semana.
O que
aconteceu a seguir a essa hora foi para a população de Lisboa o fim do mundo
servido de forma completa: mar, terra e fogo.
A cidade
ficou totalmente destruída, um terço das pessoas morreram e o Rei ganhou tal
medo que pelo resto da vida dormiu numa tenda montada nos Jardins do Palácio da
Ajuda.
Depois da
tragédia representado pela explosão do vulcão que soterrou a cidade de Pompeia,
a europa não tinha assistido a um cataclismo de tão grandes dimensões e
repercussão que, de resto, não se fez só sentir em Lisboa.
O que ficou
de pé depois do terramoto o Marquês de Pombal mandou arrasar na opção mais
corajosa das várias que foram ponderadas, mandando fazer tudo a partir do zero
de acordo com as novas regras de construção.
Levou um ano
a limpar a cidade e quem entretanto já tinha construído fora do ordenamento teve
que demolir. A Baixa Pombalina teve os primeiros prédios com protecção anti-sísmica
da Europa e quanto aos esgotos o Marquês ordenou que dentro deles um homem
pudesse andar em cima de um cavalo e quando o criticaram pelas ruas serem
demasiado largas respondeu: “Ainda um dia as vão achar estreitas...”
Entretanto
aconteceu de tudo...
O embaixador
da Espanha morreu porque ao fugir para a rua o portal do Palácio da Embaixada caiu-lhe
em cima da cabeça e o embaixador da França que fazia humor junto das damas com
o azar do colega espanhol não teve, sequer, uma porcelana partida no seu palácio
que ficou totalmente incólume.
Hoje, quando
os turistas visitam aos milhares a Baixa Pombalina, desembarcados dos navios de
cruzeiro que atracam ao Cais de Santa Apolónia, ao olharem para os prédios
envelhecidos a clamarem por obras de conservação, estão também a olhar para o
terramoto de 1755 e se conseguissem andar um pouco para trás com o relógio do
tempo, veriam ainda o início em que todas aquelas ruas e praças foram iniciadas
no tal projecto corajoso que só não espantaram o Marquês porque ele andava mais
de um século à frente de todos os outros.
Mas do
terramoto de 1755 não nasceram apenas ruas e praças novas na cidade de Lisboa. Teve
igualmente início uma auto-estrada no espírito das pessoas pensantes da época
que os conduziram a uma conclusão incontornável:
- Um desastre daquela gravidade ocorrido no
Dia de Todos os Santos com as Igrejas cheias de fiéis a orarem só podia
significar uma de duas coisas: ou Deus e os Santos estavam completamente loucos
ou aquele cataclismo obedecia a causas naturais e não tinha nada a ver com
eles.
Este foi o
grande contributo do Terramoto naquela hora e naquele dia para uma nova fase do
pensamento humano denominada de Iluminismo de que Voltaire (1694 – 1778) foi o
grande protagonista.
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