terça-feira, junho 16, 2015

A Pulseira Electrónica














No último texto que coloquei aqui, no Memórias Futuras, antes dele ter sido internado de urgência por causa de ataque generalizado de vírus, sob o título “Duas Perguntas” que, posteriormente, ouvi repetidas por comentadores políticos, entre eles Marcelo Rebelo de Sousa na sua intervenção do último Domingo, dei perfeitamente a entender que a decisão do Procurador e do Juiz de manterem José Sócrates na cadeia de Évora por ele recusar a pulseira electrónica em prisão domiciliária, constituía uma prova de força do mais forte contra o mais fraco.

A decisão de Sócrates em permanecer voluntariamente na prisão, em coerência com as suas sempre repetidas afirmações de inocência, pode vir a constituir factor de mau estar em todo o partido socialista caso não venha a ser deduzida acusação ou ela se revele de grande fragilidade.

Se isso acontecer, Sócrates irá sair de Évora em ombros levado por todos os seus admiradores com a auréola de herói corajoso apanágio dos verdadeiros líderes.

As indiscutíveis dúvidas que sempre ficarão pela sua ligação ao dinheiro e a uma vida requintada e dispendiosa, não lhe irão permitir um regresso à vida política activa, por outras palavras, à liderança do seu partido mas irá constituir uma enorme sombra sobre os actuais políticos do partido entalados entre “o que é da justiça à justiça e à política o que é da política” e agora o seu silêncio perante a decisão da Justiça em manter Sócrates na prisão.

As suas vozes não se fizeram ouvir, ao de leve que fosse, sobre esta prepotência do Procurador e do Juiz Carlos Alexandre, que primeiro entendem que a prisão de Sócrates já não se justifica para, logo de seguida, o manterem na cadeia reforçando a tese do preso de que é vítima de uma perseguição política.

Em circunstância alguma é agradável estar privado da liberdade mas José Sócrates sente-se hoje, na prisão de Évora, muito mais cómodo do que antes. Penso mesmo, que lá no íntimo, no segredo dos seus pensamentos, o ex-1º Ministro está agradecido à decisão tomada pelos magistrados que ao fim de meio ano com ele preso ainda não adiantaram qualquer espécie de acusação não obstante a complexidade do processo e a demora nas informações pedidas a Bancos estrangeiros.

Mário Soares, que já o visitou mais que uma vez e o tem defendido acaloradamente, poderá ser um dos vitoriosos de toda esta situação pelo seu aguçado instinto que mais uma vez lhe terá soprado acertadamente.

Sem acusação ou com uma acusação frágil, o que fica é a inocência de Sócrates quanto a actos de ilegalidade, muito em especial de corrupção, e uma ligação muito estranha, censurável e pouco ética, com o dinheiro e o seu amigo de infância, Eng. Santos Silva mas... ligações defeituosas com o dinheiro quantas tivemos e temos no país por parte de pessoas importantes do meio político, social, económico e financeiro e que nunca estiveram presas para serem averiguadas?

Site Meter