quarta-feira, junho 03, 2015

Bombardeamentos sobre o Vietname
O VIETNAME














Depois de terem entrado nas duas Grandes Guerras Mundiais com uma contribuição decisiva para o desfecho de qualquer uma delas, na defesa da liberdade contra a tirania, os E.U.A. fizeram intervenções desastradas, inúteis, para servirem interesses militaristas com resultados condenados pelo próprio povo americano e pelo mundo.

Refiro-me à invasão do Presidente Buch ao Iraque com as consequências que estão à vista e sem saber ainda bem onde irão parar e a Guerra do Vietname que durou uns 10 anos e terminou em 1975 com profundos traumas para toda a sociedade americana e muito especialmente para todos aqueles que nela participaram.

Hoje, quem visite o Vietname só pode abanar a cabeça com a incredulidade perante a ideia de que, há meio século, os americanos escolheram aquele país para travar uma guerra.

Não deviam estar “bons da cabeça” porque o ponto de partida era fútil como também era perceptível que iria evoluir para um envolvimento em larga escala -  2.300.000 americanos de 1961 a 1974 com quase 60.000 mortos e mais de 300.000 feridos, e 2 milhões de vietnamitas civis mortos - sem que tivessem perguntado a si próprios se aquela guerra fazia algum sentido, até porque, tendo os E.U.A. nascido em 1776 na sequência da luta armada pela independência, é estranho não terem percebido as aspirações do Vietname em livrar-se, também ele, da exploração colonial.

Só visitando o Vietname se consegue avaliar a que ponto a intervenção dos E.U. estava, desde o início, condenada ao insucesso. E isto por quatro observações que, no fundo, explicam tudo.

- Em primeiro lugar, o sul do país – a área que os americanos vieram defender dos invasores comunistas – resumia-se a um gigantesco arrozal. Num terreno destes os tanques não ajudam. Tão pouco as tropas, por melhor equipadas que estejam, acabam inevitavelmente atascados.

- Em segundo lugar, poucos povos serão tão laboriosos e enérgicos como os vietnamitas. Caminha-se pelas ruas de Hanói ou de Saigão, de qualquer outra cidade ou aldeia e o que se vê são pessoas sempre em correria, atarefados, mas tratando metodicamente dos seus arrozais, fazendo entregas, reparando calçado, costurando roupa.

Um povo com esta energia dificilmente será derrotado e muito menos por um exército a operar 13.000 km afastado do seu território nacional.

- Em terceiro lugar, o Vietname é como uma colmeia. Para se ter a noção dessa força imparável basta posicionar-nos no centro de uma cidade. Felizmente o país ainda não completou a transição para o automóvel. O meio de transporte continua a ser o ciclomotor.

Seja qual for o local em que nos posicionemos na cidade de Hanói o que vemos são vagas intermináveis de ciclomotores com quatro ou cinco filas de largura, mesmo em ruas relativamente estreitas, e com dez a quinze nas ruas mais largas, vindo na nossa direcção.

Movem-se com desembaraço mesmo com um casal e duas crianças ou com um pendura segurando um frigorífico de razoáveis dimensões. Também deslizam raparigas com ar solene para entregar coloridos e imponentes ramos de flores e o que é surpreendente é que os acidentes são raros, quase inexistentes.

Olhando para esta energia pacífica, toda esta velocidade, toda esta fluidez de movimentos ficamos a fazer uma ideia do que representaria tudo isso virando-se contra uma força invasora.

Foi graças a essa força que o Vietcongue derrotou o poderoso exército americano. Foi com essa determinação e engenho que construíram túneis de 200km que passavam por baixo do Quartel - General da 25ª Divisão no delta do Mekong.

- Em quarto lugar, vem a imensa simpatia e cordialidade dos vietnamitas comparados com outros povos asiáticos. Possuem uma franqueza inata e desarmante, estão globalizados ainda que à sua maneira.

(Trecho de um artigo do Courrier Internacional)


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