Espreitando as vacas nos Açores que tanto o embeveceram. |
O Discurso
do
Presidente
Cavaco Silva tem a prerrogativa de, no exercício das suas funções,
marcar a data das eleições legislativas o que poderia ter feito emitindo um
simples Comunicado.
Em vez disso, resolveu também fazer um discurso a insistir com os
partidos que se entendam e que só dará investidura a um governo de maioria
parlamentar.
Lido nas entrelinhas, é um discurso subliminar de apoio a Passos
Coelho, à austeridade e de crítica à “política despesista” do PS.
Explicitamente, insiste que, desta vez, só dará investidura a um
governo de maioria parlamentar ao contrário do que fez com o último governo de
Sócrates que foi minoritário.
Cavaco poderia ter contribuído para uma clarificação da situação
política do país se tivesse marcado as eleições para o mês de Julho em curso,
por exemplo, evitando todo este compasso de espera político com uma campanha
política que há muito já começou e se vai prolongar desgastando inutilmente os
portugueses até 4 de Outubro, para um governo que se mantém no poder desde 22
de Junho de 2011, bastante mais, 3 meses e meio, do que os 4 anos que são os da
legislatura.
Mas o Presidente Cavaco tem uma concepção do país de natureza
muito pessoal de acordo com a sua agenda política e movimenta-se com a rigidez
e indiferença própria das pessoas egoístas, sonsas, que pensam em si e no lugar
que pensam que irão ocupar na História do país, papel esse que está
definitivamente comprometido como demonstram as sondagens que lhe dão o lugar
mais baixo de quantos desempenharam aquele lugar desde o 25 de Abril.
Mas neste discurso, pretendendo com o cinismo que o caracteriza,
defender os interesses do país, insiste por entendimentos e um governo de
maioria numa fase em que os partidos vão entrar em campanha oficial chamando a
atenção dos eleitores para aqui lo
que os distingue de forma a que possam fazer as suas escolhas. É
assim em democracia!
Que é conveniente aos interesses dos portugueses que os partidos
se entendam em certos assuntos mais abrangentes, como por exemplo a Segurança
Social, é óbvio, é evidente que sim, mas não nesta fase.
Agora os portugueses preparam-se para votar e votar é escolher,
por isso precisam de saber bem o que cada um dos candidatos tem para oferecer,
deterem-se na qualidade, nas características e no percurso daqueles que nos
pretendem governar ou continuarem a fazê-lo no futuro e o país, por aqui lo que são as sondagens, está partido entre António
Costa e Passos Coelho.
Aprofundar as diferenças entre um e outro é aqui lo que é preciso para escolha honesta. Os
entendimentos só podem vir depois das eleições e é desejável, quase que
imperioso, que eles se façam não esquecendo, por exemplo, que o actual líder
sempre se fechou arrogantemente a entendimentos.
O Presidente Cavaco, mais uma vez, está de tal forma concentrado
em si mesmo, no seu umbigo, no papel de grande protagonista que julga ser, que
nem sequer vê uma realidade que qualquer cidadão entende.
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