quinta-feira, julho 23, 2015

Espreitando as vacas nos Açores que tanto o embeveceram.
O Discurso 

do 


Presidente











Cavaco Silva tem a prerrogativa de, no exercício das suas funções, marcar a data das eleições legislativas o que poderia ter feito emitindo um simples Comunicado.

Em vez disso, resolveu também fazer um discurso a insistir com os partidos que se entendam e que só dará investidura a um governo de maioria parlamentar.

Lido nas entrelinhas, é um discurso subliminar de apoio a Passos Coelho, à austeridade e de crítica à “política despesista” do PS.

Explicitamente, insiste que, desta vez, só dará investidura a um governo de maioria parlamentar ao contrário do que fez com o último governo de Sócrates que foi minoritário.

Cavaco poderia ter contribuído para uma clarificação da situação política do país se tivesse marcado as eleições para o mês de Julho em curso, por exemplo, evitando todo este compasso de espera político com uma campanha política que há muito já começou e se vai prolongar desgastando inutilmente os portugueses até 4 de Outubro, para um governo que se mantém no poder desde 22 de Junho de 2011, bastante mais, 3 meses e meio, do que os 4 anos que são os da legislatura.

Mas o Presidente Cavaco tem uma concepção do país de natureza muito pessoal de acordo com a sua agenda política e movimenta-se com a rigidez e indiferença própria das pessoas egoístas, sonsas, que pensam em si e no lugar que pensam que irão ocupar na História do país, papel esse que está definitivamente comprometido como demonstram as sondagens que lhe dão o lugar mais baixo de quantos desempenharam aquele lugar desde o 25 de Abril.

Mas neste discurso, pretendendo com o cinismo que o caracteriza, defender os interesses do país, insiste por entendimentos e um governo de maioria numa fase em que os partidos vão entrar em campanha oficial chamando a atenção dos eleitores para aquilo que os distingue de forma a que possam fazer as suas escolhas. É assim em democracia!

Que é conveniente aos interesses dos portugueses que os partidos se entendam em certos assuntos mais abrangentes, como por exemplo a Segurança Social, é óbvio, é evidente que sim, mas não nesta fase.

Agora os portugueses preparam-se para votar e votar é escolher, por isso precisam de saber bem o que cada um dos candidatos tem para oferecer, deterem-se na qualidade, nas características e no percurso daqueles que nos pretendem governar ou continuarem a fazê-lo no futuro e o país, por aquilo que são as sondagens, está partido entre António Costa e Passos Coelho.

Aprofundar as diferenças entre um e outro é aquilo que é preciso para escolha honesta. Os entendimentos só podem vir depois das eleições e é desejável, quase que imperioso, que eles se façam não esquecendo, por exemplo, que o actual líder sempre se fechou arrogantemente a entendimentos.

O Presidente Cavaco, mais uma vez, está de tal forma concentrado em si mesmo, no seu umbigo, no papel de grande protagonista que julga ser, que nem sequer vê uma realidade que qualquer cidadão entende.


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