Será que os eleitores vão fazer como as borboletas da traça? |
As Borboletas da
Traça
Ferreira Fernandes,
distinto jornalista do Diário de Notícias, lembrou-se, na edição de Sábado,
como lepidopt erólogo amador, comparar o caminho de aproximação das sondagens da Coligação ao PS, com o
trajecto suicida das borboletas da traça em voo picado sobre as chamas de uma
vela onde morrem queimadas.
Ou seja, os
portugueses escolhidos na amostra da empresa de sondagens que serviu de base
aos últimos resultados, assemelham-se às borboletas no seu voo descomandado em que
se precipitam sobre a chama da vela.
Na verdade, assim
parece.
Depois daqui lo
que Passos Coelho lhes fez nos últimos quatro anos, muito em especial pela
forma como os tratou nos primeiros tempos da sua governação, com a arrogância e
prepotência, própria dos deslumbrados do poder, quando lhes mentiu para ganhar o seu voto, chamou de piegas e os mandou para fora do país, e cujo ponto alto foi aquela
célebre marcha silenciosa pelas ruas das cidades de todo o país, quando, com
uma leviandade e desprezo pelos trabalhadores, decidiu, sem qualquer explicação
prévia, que a totalidade dos descontos para a Segurança Social, passassem a ser
da responsabilidade única da parte mais fraca da relação laboral, os
trabalhadores.
A população
levantou-se, não em ira, mas atónita, muda de espanto, possuída de uma revolta
interior enquanto, nessa noite, Passos Coelho, cantava, fazendo coro com Paulo
de Carvalho, a “Nini dos Meus Quinze Anos”, no cinema Tivoli.
Depois, recuou.
Parece, pois, haver
um paralelismo entre o evoluir das sondagens e o voo das borboletas em voo
picado para um desfecho fatal nas chamas da vela.
Mas, o que Ferreira
Fernandes não explicou, é o ardil que está na base, tanto do voo catastrófico
da borboleta, como do caminho que está a levar o resultado das últimas
sondagens.
Comecemos pelo
primeiro.
As borboletas estão
neste mundo há muitos milhões de anos, quando não havia velas ou qualquer outra
fonte de luz que não fossem os raios luminosos das estrelas do céu, que, dada a
distância a que se encontram da Terra, comportam-se como se fossem linhas
paralelas, autenticas estradinhas para as nossas borboletas se orientarem para
os seus destinos, sem qualquer risco de choques violentos ou mortais.
E foi assim durante
toda a noite dos tempos até que, na última fracção das suas já longas vidas,
apareceram as luzes das velas, terríveis ardis em que elas, julgando seguir as
estradinhas inofensivas dos raios de luz das estrelas, se lançam no caminho
armadilhado dos raios da luz da vela.
Olho para a campanha
da Coligação e percebo todas as circunstâncias em que ela decorre.
Factores que escapam
completamente a Passos Coelho, que nada têm a ver com mérito ou demérito seu,
uns de ordem interna, como o ciclo económico – (depois de se estar em baixo só
se pode subir, da mesma forma que depois da tempestade só pode vir a bonança, como diria o Astérix) -
com os bancos, finalmente, a emprestarem dinheiro para casas e automóveis, e
outros, de natureza internacional, como taxas de juros quase negativas e mínimos
dos preços do petróleo, tudo contribuindo favoravelmente para alguns resultados
estatísticos que escondem o Portugal invisível, o da pobreza, das pensões miseráveis, dos impostos excessivos, dos salários baixos, da emigração
forçada e do emprego falseado.
Para não falar de um
Sócrates, ao qual a Coligação também é alheia, e que preso em Évora ou em casa,
alimenta o falatório dos telejornais e desfoca a atenção sobre o PS e António
Costa, prejudicando-os.
A estas
circunstâncias, que é uma parte do ardil, junta-se uma campanha da Coligação no
mínimo manhosa, fraudulenta e sem escrúpulos, que explora o medo de uma
população envelhecida, desmemoriada, encostada aos últimos anos da vida, tendo
de opt ar entre remédios e alguma
comida, frágil, sem esperança, mas medrosa, temendo o pior, perante as ameaças
da Coligação, em coro e em uníssono, de mais despesismo do PS e de muitas, muitas, bancas - rotas...
Este é o ardil
perfeito que pode levar de novo o povo, depois de ofendido e prejudicado por um
1º Ministro que entendeu ir para além do programa de austeridade da troyka, de
novo a Passos Coelho, como as borboletas são levadas, repetidamente, ao
holocausto da morte por incineração, das chamas de uma vela.
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