quarta-feira, setembro 02, 2015

Serão perdoadas...
O Papa 
e o Aborto












Podem descansar os católicos mais fervorosos porque aquilo que o Papa fez foi apenas autorizar os padres a perdoar às mulheres que provocaram o aborto e que “de coração arrependido peçam perdão”.
Francisco é um Papa tão “liberal” relativamente à ortodoxia da Igreja que os seus mais “assanhados” e intransigentes seguidores receiam que venha para aí menos uma proibição.
As religiões monoteístas foram pensadas e redigidas por homens que, aproveitando-se, de uma natural mas cada vez menos generalizada tendência das pessoas para “acreditarem”, criaram, pelo medo, um corpo de proibições tendo em vista mecanismos de controlo das vidas dos seus crentes.
A Igreja está presente em todos os momentos da vida, muito especialmente, no nascimento, casamento, procriação e, finalmente, na morte.
Nada escapa a Deus, nem ao Jeová, nem a Alá, em nome dos quais esses homens se tornaram numa estrutura de poder tão mais poderosos quanto mais rigorosa e implacável for no exercício desse poder.
Estas “aberturas” do Papa Francisco que faz tudo, e faz bem feito, para manter e aumentar o seu rebanho de fieis são percebidas como sinais de afrouxamente da autoridade e isso não agrada, nem pode agradar, à hierarquia da Igreja cujo poder está na sua capacidade de proibir e proibir intransigentemente, como convém a qualquer proibição religiosa.
O Papa Francisco cedeu, já não proibe com intransigência, não condena porque perdoar, no fundo, é autorizar especialmente nesta época de grande pragmatismo que estamos a viver.
É verdade que o Papa Francisco “embrulhou” tudo num belo pacote de palavras porque ninguém, como os padres, é mais perito em semântica dada a experiência que têm, de séculos, de tentarem explicar o que não tem explicação, desde a famosa trilogia do Pai, Filho e Espírito Santo, todos numa única entidade, e das não menos famosas provas da existência de Deus de São Tomás de Aquino.
A última destas provas, o argumento do desígnio, resistiu até Charles Darwin provar que as espécies só são como hoje se apresentam porque evoluíram desde que a vida apareceu sobre a Terra, e ele explicou isso, não através de dogmas, mas cientificamente, tim-tim por tim-tim.
Os últimos Papas já desistiram de todas estas discussões, entravaram o desenvolvimento da ciência até quando puderam, atrasaram o avanço da humanidade quanto lhes foi possível e, finalmente, ficaram-se pela existência de Deus certos de que, enquanto o fenómeno da fé for persistindo no cérebro humano, ninguém os fará sair desse reduto.
Ultrapassado o tema do preservativo, cuja proibição pela Igreja, tantas vidas custou, pelo menos no continente africano, estamos agora no tema do aborto, relativamente ao qual ficamos a saber, pela boca do bom Papa Francisco, que as mulheres que o pratiquem, mesmo quando têm um rancho de filhos e vivam num bairro de lata, sem recursos, podem ser perdoadas desde que “peçam perdão de coração arrependido – Amen”. 

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