Santarém - Uma das portas antigas de entrada |
Hoje é Domingo
(Na minha cidade de Santarém a
22/11/15)
Ao atacar onde atacou, ao
matar as pessoas que matou, e muitas outras que só não matou por incompetência
dos atiradores, os jhadistas procuraram fazer sentir a todos nós que o nosso Estado,
que por obrigação nos devia proteger, não protege, porque é fraco comparado com
o deles que nos mata quando quer.
Sim, porque o dever de
qualquer Estado que se preze, é proteger os seus cidadãos e, para isso, lá está
o exército, as polícias e todos os serviços de segurança.
Não, os jihadistas não atacaram
locais importantes, pessoas notáveis e conhecidas que representam o Estado ou a
cultura, como os jornalistas da Revista humorística Charlie Hebdo.
O “estado” islâmico não qui s atacar directamente outro Estado,
reconhecer-lhe essa importância, apenas provar-lhe como eles são fracos, vulneráveis,
indefesos contra os seus soldados implacáveis que dispõem, quando qui serem, da vida dos seus cidadãos.
Afinal, não é preciso ser
importante, ter um alto cargo, para estar exposto e chamar a atenção do inimigo.
Somos nós todos, os que, como
eu, vos escrevo da mesa do meu Café onde tomo o pequeno almoço, para que o
sentimento de insegurança seja total, paralizante de toda a sociedade, como no dia de hoje se está a verificar na Bélgica.
É uma sensação que acorda
outras que eu julgava definitivamente esquecidas, a de me sentir visado por
alguém que me quer matar.
Há mais de 50 anos, era
jovenzinho, vestia uma farda, estava na guerra de Angola, nas florestas virgens do Norte, e
sentia um medo atroz de todo aquele verde que me rodeava, no meio do qual,
cinquenta mil olhinhos, negros, esperavam o momento para me matar e eu, ali
sentado, naquela viatura que se deslocava titubeantemente, indefeso com uma
arma nas mãos.
O cenário mudou, agora é uma
mesa do café, uma esplanada, um qualquer local de divertimento. Não há uma
floresta verde à nossa volta, apenas o receio que um jovem nos escolha para o
sacrifício da vida, a menos que a arma encrave no momento supremo em que deveria
disparar.
Eu sei que vivo aqui ,no meu Portugal, numa pequena cidade do interior de um pequeno
país que não tem impacto mundial como a França ou E.U.A.
O “estado” islâmico não
está para desperdiçar tempo connosco, que tão pouco temos meios e capacidade
para participar em ataques espectaculares contra os territórios que eles
ocuparam na Síria e no Iraque, e que, por isso, não é natural que venha a ser
escolhido como alvo dessas acções terroristas.
É cínico e egoísta dizê-lo,
tenho vergonha de o pensar, mas eu estaria em maior risco se vivesse na França
ou na Bélgica.
Os jihadistas vão perder esta
guerra.
São demasiado maus, egocêntricos, ambiciosos e megalómanos para a
ganhar, e a derrota começou exactamente na sexta – feira, dia 13 de Novembro de
2015, como a dos japoneses começou naquele dia em que atacaram Pearl Harbor,
pela manhã de 7 de Dezembro de 1941.
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