segunda-feira, dezembro 14, 2015


Alterações 


climáticas



















As pessoas que tomam decisões neste mundo, gerindo interesses cada vez menos dispersos e, portanto, mais concentrados, são de certeza pais e, muito provavelmente, na sua esmagadora maioria, avós.

Isto para dizer que o problema das alterações climáticas é uma questão de herança. Mais dinheiro, para alguns, ou melhor qualidade de vida para todos.

A humanidade desloca-se como um enorme, lento e pesadão comboio com milhares de carruagens que vai avançando ao sabor dos interesses da sociedade de natureza capitalista que se implantou em todo o mundo.

O princípio do “máximo lucro” comanda todo esse enorme comboio com as “nuances” de carruagem para carruagem, porque embora as coisas tendam a uniformizar-se num mundo globalizado ainda aceitam variações.

O capitalismo foi o sistema que melhor se ajustou à natureza do homem: competitivo e ambicioso o que, inevitavelmente, produziu os seus frutos e as sociedades em todo o lado a que ele chegou, progrediram e desenvolveram-se económica e socialmente, mas também, por outro lado, gerou guerras, desigualdades e injustiças.

As tentativas para fugir a este desiderato não resultaram e vieram a manifestar-se soluções piores que o problema que pretendiam resolver, acabando em ditaduras despóticas e desumanas.

Inventou-se, então, a democracia que respeitasse, por um lado, a liberdade e, por outro, disciplinasse o capitalismo, regulamentando-o.

Ou seja, não o podendo vencer, aliaram-se a ele...

O homem tem que ser respeitado na sua qualidade de ser inteligente e com vontade própria mas não pode ser entregue a si próprio por força do seu egoísmo o que obriga a regular e regulamentar toda a sua actividade.

O clima e as suas alterações apareceram mais tarde como um problema do mundo. De maneira inquestionável apenas agora, nesta reunião em 2015.

O nosso planeta desde que existe, como todos os outros corpos que vogam no espaço, não param, estão sujeitos a uma dinâmica, evoluem, o mesmo é dizer, modificam-se, e quando a vida nele se instalou logo se apercebeu que, ou acompanhava essas alterações, ou não tinha futuro.

Assim, todas as formas de vida enveredaram por processos de evolução o que, não só lhes permitiu sobreviver e acompanhar o planeta, como também, adquirirem sofisticação e complexidade.

A vida ao cimo da Terra comportou-se como um par de dançarinos em pista de dança: evoluíram ao som da música...

Olhemos para nós: uns são maiores, outros mais pequenos, uns brancos, outros negros, uns com pregas nos olhos outros não e assim por diante.  A natureza tocava a música e nós, para sobreviver, procurávamos “dançar” a compasso.

Quando a música acelerava muito o ritmo alguns de nós não conseguíamos acompanhar e “íamos à viola”...

Para nós, e para todos os seres vivos, como se percebe, quanto mais lento for o ritmo da música melhor: poupa-nos esforços...

Recentemente, com a Revolução Industrial, começamos a interferir na própria música, no seu ritmo, no seu compasso.

Não fizéssemos nós nada e, provavelmente, o planeta iria sofrer alterações de temperatura, como sempre aconteceu ao longo dos seus 3,5 biliões de anos mas fá-lo-ia ao seu ritmo, ao seu tempo.

Mas o homem, “bicho” superiormente dotado, pegou na batuta do maestro e vá de acelerar sem perceber as consequências... e há cientistas muito críticos e severos nas suas apreciações.

James Hansen, um dos primeiros heróis na luta contra as alterações climáticas diz, sobre o Acordo que agora se encontrou, que ele é uma “fraude”, uma “farsa”, porque enquanto os combustíveis fósseis forem mais baratos vão continuar a ser utilizados.

Voltando ao início deste monólogo, quando me referi às heranças dos pais e dos avós, na opinião deste cientista, eles vão preferir deixar aos filhos e netos dinheiro em vez de qualidade de vida.

...Não vão resistir às leis do mercado do mundo capitalista!


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