Alterações
climáticas
As
pessoas que tomam decisões neste mundo, gerindo interesses cada vez menos
dispersos e, portanto, mais concentrados, são de certeza pais e, muito
provavelmente, na sua esmagadora maioria, avós.
Isto
para dizer que o problema das alterações climáticas é uma questão de herança.
Mais dinheiro, para alguns, ou melhor qualidade de vida para todos.
A
humanidade desloca-se como um enorme, lento e pesadão comboio com milhares de
carruagens que vai avançando ao sabor dos interesses da sociedade de natureza
capitalista que se implantou em todo o mundo.
O
princípio do “máximo lucro” comanda todo esse enorme comboio com as
“nuances” de carruagem para carruagem, porque embora as coisas tendam a uniformizar-se
num mundo globalizado ainda aceitam variações.
O
capitalismo foi o sistema que melhor se ajustou à natureza do homem: competitivo e ambicioso o que, inevitavelmente, produziu os seus frutos e as
sociedades em todo o lado a que ele chegou, progrediram e desenvolveram-se
económica e socialmente, mas também, por outro lado, gerou guerras,
desigualdades e injustiças.
As
tentativas para fugir a este desiderato não resultaram e vieram a manifestar-se
soluções piores que o problema que pretendiam resolver, acabando em ditaduras
despóticas e desumanas.
Inventou-se,
então, a democracia que respeitasse, por um lado, a liberdade e, por outro,
disciplinasse o capitalismo, regulamentando-o.
Ou
seja, não o podendo vencer, aliaram-se a ele...
O homem tem que ser respeitado na
sua qualidade de ser inteligente e com vontade própria mas não pode ser
entregue a si próprio por força do seu egoísmo o que obriga a regular e
regulamentar toda a sua actividade.
O
clima e as suas alterações apareceram mais tarde como um problema do mundo. De
maneira inquestionável apenas agora, nesta reunião em 2015.
O
nosso planeta desde que existe, como todos os outros corpos que vogam no
espaço, não param, estão sujeitos a uma dinâmica, evoluem, o mesmo é dizer,
modificam-se, e quando a vida nele se instalou logo se apercebeu que, ou
acompanhava essas alterações, ou não tinha futuro.
Assim,
todas as formas de vida enveredaram por processos de evolução o que, não só
lhes permitiu sobreviver e acompanhar o planeta, como também, adqui rirem sofisticação e complexidade.
A
vida ao cimo da Terra comportou-se como um par de dançarinos em pista de dança:
evoluíram ao som da música...
Olhemos
para nós: uns são maiores, outros mais pequenos, uns brancos, outros negros,
uns com pregas nos olhos outros não e assim por diante. A natureza tocava a
música e nós, para sobreviver, procurávamos “dançar” a compasso.
Quando
a música acelerava muito o ritmo alguns de nós não conseguíamos acompanhar e
“íamos à viola”...
Para
nós, e para todos os seres vivos, como se percebe, quanto mais lento for o
ritmo da música melhor: poupa-nos esforços...
Recentemente,
com a Revolução Industrial, começamos a interferir na própria música, no seu
ritmo, no seu compasso.
Não
fizéssemos nós nada e, provavelmente, o planeta iria sofrer alterações de
temperatura, como sempre aconteceu ao longo dos seus 3,5 biliões de anos mas
fá-lo-ia ao seu ritmo, ao seu tempo.
Mas
o homem, “bicho” superiormente dotado, pegou na batuta do maestro e vá de
acelerar sem perceber as consequências... e há cientistas muito críticos e
severos nas suas apreciações.
James
Hansen, um dos primeiros heróis na luta contra as alterações climáticas diz,
sobre o Acordo que agora se encontrou, que ele é uma “fraude”, uma “farsa”, porque enquanto os combustíveis fósseis forem mais baratos vão continuar a ser
utilizados.
Voltando
ao início deste monólogo, quando me referi às heranças dos pais e dos avós, na
opinião deste cientista, eles vão preferir deixar aos filhos e netos dinheiro em
vez de qualidade de vida.
...Não
vão resistir às leis do mercado do mundo capitalista!
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