(Domingos Amaral)
Episódio Nº 157
- Este inverno fui a Hisn
Abi Cherif, o castelo delas na serra morena. O assassin esteve lá. Degolou Taxfin e uma das criadas. A outra
sobreviveu.
Pesaroso, disse a Mem:
- A última vez que vi Taxfin fiz-lhe uma
promessa. Ia recuperar as mulheres, levá-las para Hisn. Mas ele já não as
verá...
Mem ficou calado algum
tempo, e depois perguntou:
- Porque quereis
resgatá-las? Só para cumprires a promessa que haveis feito ao marido de
Zulmira?
Abu pareceu ligeiramente
envergonhado quando disse:
- Aquelas mulheres são fascinantes. Mas a
Fátima... Quero casar com ela e não descansarei enquanto não a levar para Hisn!
Mem tinha o seu coração
repleto de emoções semelhantes por Zulmira e por Zaida, e embora não tenha
revelado o seu duplo encantamento, devido à sua condição inferior de almocreve,
decidiu ajudar o cordovês e informou-o que Agosto seria o mês ideal, pois a
rainha partiria para Viseu em finais de Julho.
Tereis de verificar o local
onde estão, como tirá-las de lá, as horas das barcaças – planeou Zakaria.
De repente, Mem lembrou-se
do homem de branco e perguntou:
- E o assassin?
Em Córdova, quando lá fora
em Janeiro, Abu Zhakaria soubera que o fedayin
tinha ido a Marraquexe.
Temos de as por a salvo
antes de ele voltar – rematou
No final da conversa, o
curioso Mem não resistiu e perguntou:
- Quem são elas? Dizem que não são filhas de
Taxfin, só de Zulmira.
Abu Zhakar, como se
estivesse obrigado a manter um segredo antigo, limitou-se a uma resposta
incompleta.
A Zulmira é neta do antigo
rei de Sevilha, Al-Mutamid, mas não é só por isso que o califa as quer ver
mortas. Tem medo delas. Um dia conto-vos a verdade depois de as salvarmos!
Aquela aliança de apaixonados forjou-se assim. Ambos queriam amar as
mouras e estavam decididos a tudo. Teriam apenas de esperar algum tempo, e foi
isso que fizeram, embora os acontecimentos se tenham precipitado ainda antes de
Agosto chegar.
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