terça-feira, fevereiro 09, 2016

A melhor imagem para a eutanásia

Direito 


Morrer


















Eutanásia é o nome dado a um suicídio medicamente assistido quando a pessoa que quer desistir da vida não tem capacidade para o fazer sozinha.

É uma situação de desigualdade relativamente à generalidade dos viventes que, para porem termo à vida, apenas precisam de coragem.

E, no entanto, estes, os que apenas necessitam de coragem, estão longe das terríveis situações de incapacidade e sofrimento que leva algumas pessoas a preferir a morte sem que, no entanto, a possam executar sem ajuda.

Somos um animal diferente. A sociedade não nos reconhece o direito à morte, ao contrário do que acontece ao nosso animal de estimação em que o dono e o veterinário decidem tudo.

Com o homem, não é assim. Se ele puder matar-se que o faça. Não o podemos impedir, como aconteceu há poucos meses com a simpática da minha vizinha do 5º Dtº que, à hora de jantar, sozinha em casa, se atirou da janela abaixo.

Mas, se ela estivesse agarrada a uma cama, tetraplégica, sofrendo, dependente de alguém, continuaria entre nós porque quem a matasse, por muito que ela o pedisse, seria considerado homocida.

A este respeito, lembro-me sempre de Steffen Haukins, eminente físico inglês, especialista em buracos negros no universo, surpreendentemente ainda vivo, sofrendo de uma rara doença degenerativa, desde os 21 anos, que paralisa os músculos do corpo sem, no entanto, atingir as funções cerebrais.

Sendo uma doença que ainda não possui cura, hoje, a sua mobilidade, é praticamente nula. Fala através de um sintetizador e surpreendeu-me ao afirmar, numa das entrevistas que deu, que a sua doença tem a vantagem de libertar o seu espírito para melhor se poder concentrar nas suas pesquisas científicas.

Ou seja, a mesma situação que o deveria levar a querer morrer, é exactamente a mesma que o leva a querer viver!

Reconheço, por isso, que cada caso é um caso, cada pessoa é outra pessoa diferente das restantes, e apenas recuso aquele argumento religioso de que “Deus dá a vida e, por isso, só ele a pode tirar”.

Sou, pois de opinião que deve haver o direito à Eutanásia.

Para mim, nem faz sentido que ele não exista. Se alguma coisa me transmite um verdadeiro sentido de posse é a minha própria vida.

Por isso a preservo e a cuido tomando, “religiosamente”, às horas certas, os medicamentos que agora, aos 77 anos, me ajudam a suportá-la.

Amo a vida, ela foi minha amiga, embora o pudesse ter sido mais..., é sempre assim, nunca estamos completamente satisfeitos e, no entanto, tempos houve em que pensei na morte... mas quem não o pensa em momentos difíceis?

Hoje, todos os dias, vos escrevo umas linhas para vos dizer que estou vivo e que quero continuar mas, não abdico, de um dia, quando for muito velhinho, do direito de querer morrer. Por isso defendo a eutanásia porque posso precisar de ajuda.

- Que raio, do que me havia de lembrar no dia de Carnaval!

Felizmente, amanhã, já é 4ª Fª de Cinzas! 


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