A melhor imagem para a eutanásia |
Direito a
Morrer
Eutanásia é o nome dado a um suicídio medicamente
assistido quando a pessoa que quer desistir da vida não tem capacidade para o
fazer sozinha.
É uma situação de desigualdade relativamente à
generalidade dos viventes que, para porem termo à vida, apenas precisam de
coragem.
E, no entanto, estes, os que apenas necessitam de
coragem, estão longe das terríveis situações de incapacidade e sofrimento que leva algumas
pessoas a preferir a morte sem que, no entanto, a possam executar sem ajuda.
Somos um animal diferente. A sociedade não nos
reconhece o direito à morte, ao contrário do que acontece ao nosso animal de
estimação em que o dono e o veterinário decidem tudo.
Com o homem, não é assim. Se ele puder matar-se que o
faça. Não o podemos impedir, como aconteceu há poucos meses com a simpática da
minha vizinha do 5º Dtº que, à hora de jantar, sozinha em casa, se atirou da
janela abaixo.
Mas, se ela estivesse agarrada a uma cama,
tetraplégica, sofrendo, dependente de alguém, continuaria entre nós porque quem
a matasse, por muito que ela o pedisse, seria considerado homocida.
A este respeito, lembro-me sempre de Steffen
Haukins, eminente físico inglês, especialista em buracos negros no universo,
surpreendentemente ainda vivo, sofrendo
de uma rara doença degenerativa, desde os 21 anos, que paralisa os músculos do
corpo sem, no entanto, atingir as funções cerebrais.
Sendo uma doença que ainda não possui cura, hoje, a sua
mobilidade, é praticamente nula. Fala através de um sintetizador e
surpreendeu-me ao afirmar, numa das entrevistas que deu, que a sua doença tem a
vantagem de libertar o seu espírito para melhor se poder concentrar nas suas
pesqui sas científicas.
Ou seja, a mesma situação que o deveria levar a querer morrer, é exactamente a mesma que o leva a querer viver!
Reconheço, por isso, que cada caso é um caso, cada pessoa é
outra pessoa diferente das restantes, e apenas recuso aquele argumento
religioso de que “Deus dá a vida e, por isso, só ele a pode tirar”.
Sou, pois de opinião que deve haver o direito à Eutanásia.
Para mim, nem faz sentido que ele não exista. Se alguma coisa
me transmite um verdadeiro sentido de posse é a minha própria vida.
Por isso a preservo e a cuido tomando, “religiosamente”, às
horas certas, os medicamentos que agora, aos 77 anos, me ajudam a suportá-la.
Amo a vida, ela foi minha amiga, embora o pudesse ter sido
mais..., é sempre assim, nunca estamos completamente satisfeitos e, no entanto,
tempos houve em que pensei na morte... mas quem não o pensa em momentos difíceis?
Hoje, todos os dias, vos escrevo umas linhas para vos dizer
que estou vivo e que quero continuar mas, não abdico, de um dia, quando for
muito velhinho, do direito de querer morrer. Por isso defendo a eutanásia
porque posso precisar de ajuda.
- Que raio, do que me havia de lembrar no dia de Carnaval!
Felizmente, amanhã, já é 4ª Fª de Cinzas!
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