Carnaval dos "caretos" |
O Carnaval
dos
Tristes...
A chuva, felizmente, poupou-nos a esse triste
espectáculo que são os desfiles carnavalescos que se realizam numa série de
cidades por esse país fora há uns anos a esta parte.
Com excepção de algumas manifestações carnavalescas,
com mascarados, “coisas” antigas, com especiais significados que mergulham na
noite dos tempos, lá para o norte do país, como o grupo de “caretos”, em
Lazarim, Lamego, onde as máscaras são feitas em madeira por artesãos locais, o
resto são manifestações recentes, das últimas dezenas de anos, mais ao estilo
de imitação do que se vê lá fora, no carnaval do Rio de Janeiro.
São iniciativas apoiadas pelas Câmaras Municipais,
oportunidades de negócio para alguns, que não têm nenhuma tradição entre nós.
Por isso, lhes chamo o carnaval dos tristes... o
locutor de serviço da televisão estende o microfone, no estrito cumprimento do
seu dever, à espectadora sentada, de lábios cerrados, já de rabo enregelado, à
espera das meninas que vão desfilar sarcoteando o corpo, que mais não é do que uma maneira de tentar aquecer-se com o frio que faz.
Desculpem, mas isto de carnaval tem de ser de biquíni,
naqueles sítios onde faz muito calor, como no Rio de Janeiro, e a dança lhes
está na massa do sangue, ou nos outros, em que faz muito frio e os foliões são
muito ricos para se poderem vestir com aqueles factos complicados, tipo Maria
Antonieta.
Quando eu era pequenino, a minha mãe mascarava-me de
pastor, com o cajado na mão, e levava-me ao fotógrafo para ficar registado no
álbum de família.
Uns anitos mais tarde, comprava-me serpentinas,
papelinhos e saqui nhos, que ela
própria fazia, e levava-me a mim e ao meu irmão, à matiné do cinema Éden, lá
para cima, para o balcão, para podermos atirar tudo aqui lo
cá para baixo e ganharmos “a guerra”.
Era uma festa de crianças e para crianças, que se viam
pela rua a passear pela mão dos pais, todas elas muito bem mascaradas mas nem
todas com um ar muito feliz...
Depois, havia umas famílias mais abastadas que se
permitiam dar ao luxo de fazer em suas casas umas festas, a que chamavam
“assaltos”, oportunidade para convidar amigos e conhecidos... “coisas” de
sociedade do pós 2ª G.G.
Desculpem, mais uma vez, mas estes desfiles
carnavalescos, aqui entre nós, são
um espectáculo de tristes... e carnaval sem calor, dança e alegria genuínas,
transforma-se em qualquer coisa de mau gosto... uma anedota!
Abençoada chuva...
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