quarta-feira, fevereiro 17, 2016

É o anterior a este...

O meu telemóvel...
















Já ninguém tem um telemóvel como o meu, pequenino, rectangular, cabe na palma da mão e só serve para fazer e receber chamadas.

Ninguém, é uma forma de dizer. Parece que, em tempos, o governo distribuiu telefones destes aos velhotes que vivem isolados por esse interior de Portugal para poder saber deles e receber notícias em casos de necessidade.

O meu não foi oferecido, mas eu também não vivo isolado, felizmente, embora já seja velho...

Não gosto de falar ao telefone, não vejo a cara dos meus interlocutores, especialmente o olhar, não sei se estão com atenção ao que lhes digo ou se me estão a tirar a língua de fora.

No entanto, na casa onde nasci, há mais de setenta anos, os meus pais tinham telefone e ainda carreguei na minha memória, por uns 50 anos, o número dele. Finalmente, cansei-me e tenho pena porque recordar é viver...

... Levantávamos o auscultador e a menina, do outro lado, perguntava: “numro?”, soava assim, muito rápido, nós dizíamos o número e, de seguida, o ruído do tirar cavilha e meter cavilha até que soava o barulho do Trim-Trim, Trim - Trim.

Era esta a maravilha da tecnologia da comunicação com fios no Ano de 1939, que fazia a delícia das senhoras que tinham telefone e não tinham que fazer, para alem de falarem horas esquecidas umas com as outras... ao telefone.

Sou um saudosista e lembro-me sempre desses telefones quando, à minha volta, no comboio Regional de Santarém para Lisboa, as pessoas, especialmente jovens, puxam das suas “máquinas”, põem os "fones" nos ouvidos, e os dedos treinados, deslizam rápidos por cima do mostrador.

Percebo que, em matéria de telefones, pertenço ao tempo da pedra lascada. Se fosse índio das Américas estaria a falar por mensagens de fumo, tapando e destapando, com uma manta, o a fogueira feita de propósito.

Felizmente, para a indústria da especialidade, e para o desenvolvimento dos povos, eu serei uma perfeita excepção no que toca a telemóveis mas que, no entanto, passa horas diariamente à frente do computador, utilizando a sua extraordinária tecnologia, para publicar este Blog através do qual todos os dias vos escrevo.

Enfim, paradoxos...

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