(Domingos Amaral)
Episódio Nº 213
As outras ignoraram-na,
Zaida estava já de mão dada com a galega, fazendo-lhe festas quando Zulmira
perguntou:
- Pensais que vosso marido vos emprenhou?
Chamoa sabia que aqueles
eram dias próprios à procriação.
Filhou-me três vezes.
Parecia um touro, cheio de força!
Zaida e Zulmira riram-se, e
esta última questionou-a:
- Mas quem desejais que vença a batalha?
Chamoa suspirou:
- Desde que nenhum dos meus homens morra...
Enquanto apanhava os longos
cabelos cor de mel de Chamoa, e fazia com eles uma trança, Zaida interrogou-a:
- Ainda amais Afonso Henriques?
A rapariga galega
confirmou-o, porém logo adiantou que não gostava que os seus meninos ficassem
órfãos de pai.
Se Afonso Henriques ganhasse
ela deixaria Paio Soares, mas queria que este ficasse vivo, educando os dois
filhos já nascidos.
No seu esconderijo, minha
prima Raimunda aterrou-se. Pela primeira vez ouvira a rival galega dizer que se
iria juntar ao príncipe.
Portanto, ou Afonso
Henriques perdia o combate, o que era desastroso para os portucalenses, ou o
venceria e ganhava como prémio o amor de Chamoa com o seu amado príncipe!
Entretanto, uma mulher alta
e loura, aproximou-se da tenda de Paio Soares, com duas crianças ao colo, uma
de cada lado. Era Elvira, a serviçal da estalagem de Viseu, descendente de
normandos.
São as filhas de Dona
Teresa? – perguntou Zulmira.
Elvira pousou no chão a mais
velha, Sanchinha, já com ano e meio enquanto tapava a cara da mais nova,
Teresa, recém-nascida, para a proteger do sol forte que já se fazia sentir.
Têm a idade dos meus –
sorriu Chamoa – Tenho saudades deles...
Zaida, pegando ao colo em
Sanchinha, perguntou à normanda:
- Sois serva de Dona Teresa?
Deve ter muita confiança em vós, para vos dar as filhas para a mão!
Elvira contou que conhecera
Dona Teresa em Viseu e a partir daí não mais deixara as crianças, o que muito
ajudava a rainha.
Fátima que entretanto
regressou, rosnou:
- É a desculpa de sempre, faz os filhos e
depois não tem tempo para eles!
Se olhasse mais para Afonso
Henriques não estávamos aqui !
Elvira olhou-a surpreendida.
Achais que o príncipe odeia
a mãe? Pareceu-me boa pessoa quando o conheci em Viseu, há dois anos, na Páscoa
que por lá passou.
Chamoa qui s logo saber como foi aquele encontro que ela
desconhecia, apesar de também ter estado em Viseu, e Elvira explicou que o
príncipe foi beber à taverna onde ela laborava.
É gentil, além de bonito!
Enciumada com tais palavras,
odiando já a normanda, Chamoa ordenou às mouras que a seguissem para dentro da
tenda, para a ajudarem a lavar-se.
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