Em festas. à volta da fogueira, celebravam-se os deuses. |
A Procura de Deus
Morgan Freedman, carismático actor
norte-americano, resolveu procurar Deus deambulando, em conversas com religiosos
de vários cultos, por esse mundo fora.
O resultado foi visto ontem, entre nós,
num documentário que passou no Odisseia. As conversas foram descomprometidas, o
tom muito cordato, ao estilo de Morgan, procurando interlocutores envolvidos
nessas religiões para falarem da sua fé.
Se eu qui sesse
tirar qualquer conclusão dessas conversas, diria que a ligação de hinduístas,
islamistas, evangelistas e judeus, é constituída por um sentimento muito
intenso e sentido, praticado no dia a dia, enquanto que os navajos, da América
do Norte, por exemplo, vivem-no em práticas de iniciação dos jovens na sua
passagem para a vida adulta.
Sempre, a adoração dos deuses ao longo da
humanidade foi uma prática generalizada que revelava a fragilidade dos homens e
a necessidade que eles sentiam e sentem, de uma protecção que os ajude a sobreviver
num mundo que lhes era adverso.
A cada necessidade o seu deus: o da chuva,
da caça, da pesca, dos rios... Para todos os elementos da natureza invocavam o
respectivo deus!
Há, no entanto, um momento, há cerca de 5
mil anos atrás, na Bretanha, nas planícies de Salsbury, em Stonhenge, aquando das festas de
adoração aos deuses, que reuniam habitantes vindos de toda a ilha, que há uma preferência pela a adoração do Sol, no solestício de Verão, em Junho, no hemisfério norte.
O sol, vencedor do inverno e do frio, vem
finalmente aquecer a terra e proporcionar condições de calor para as culturas criarem fontes de alimento, pelo que merecia uma adoração especial.
Por essa altura, talvez uns séculos mais
tarde, um faraó no Egipt o,
Aquenáton, decidiu, também ele, prestar culto apenas ao Sol, o deus Amon.
Não correu bem porque todos os restantes
sacerdotes ficaram mais ou menos desempregados e com o seu filho, o conhecido
Tutancâmon, voltou tudo ao anterior.
O verdadeiro monoteísmo, oficial, digamos assim, só teve de facto
início com Abraão, quando este, prestes a sacrificar o filho, se deparou com
Deus que lhe segurou o braço impedindo o acto e ordenando que jamais voltasse a
fazer aqui lo.
Na realidade, com a profusão de santos e
santas, o politeísmo como prestação de culto a várias entidades, sempre
continuou porque o homem sente-se melhor dispersando o seu sentimento de fé.
Tinha começado o monoteísmo com os
seguidores de Abraão, mais tarde de Jesus Cristo e depois Maomé, formas
diferentes de adorar o mesmo Deus.
O ateísmo, é um fenómeno muito recente. Os
primeiros indivíduos que se reconheceram como tal foi já no Séc. XVIII.
Hoje destacam-se quatro personalidades
conhecidas como “Os Quatro Cavaleiros do Não Apocalipse”: Richard Dawkins,
Cristopher Hitchens, Daniel Dennett e Sam Harris.
Interessante, é que num levantamento feito
em 2010, os que se identificam como ateus estão mais bem informados sobre as
religiões do que os seguidores das principais religiões.
Norman termina o documentário procurando
Deus dentro do seu próprio cérebro recorrendo a uma nova ciência, a
Neuroteologia, ou neuro ciência espiritual, e submeteu-se aos respectivos exames.
Durante uns minutos realizou uma
concentração mística e depois de lhe ter sido injectado um líqui do nas veias, submeteu-se a uma ressonancia
magnética que revelou uma tonalidade ligeiramente diferente numa zona do
cérebro onde a fé se localiza.
Richar Dawkins, Prémio Nobel, ateu, tinha
já reconhecido que a necessidade de “acreditar”, não propriamente em Deus, foi
tão grande para a sobrevivência da humanidade, que tinha sido interiorizada ou registada no cérebro.
Este aditamento, não foi feito por Norman
no seu documentário televisivo sobre a procura de Deus, talvez para ser mais simpático para o
público alvo, especialmente o americano.
posted by Joaquim Paula de Matos at 6:15 da tarde
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