(Domingos Amaral)
Episódio Nº 243
Era assim na grande Córdova
e assim foi durante mais de trezentos anos, e voltará a ser se o desejarmos!
Podemos fazer renascer
Códova, mas para isso temos de nos aliar a um rei poderoso, para lutar contra o
califa!
Para sua surpresa a belicosa
irmã concordou pela primeira vez.
- Tendes razão, querida Zaida.
Temos de aliar-nos a um rei para lutar contra o califa de Marraquexe e
ressuscitar Córdova. Só nós o podemos fazer.
Zaida olhou-a com
expectativa. Porém, Fátima acrescentou:
- Mas esse rei jamais poderá
ser cristão!
- Zaida rebelou-se e
perguntou:
- Porquê? – Sancho, meio-irmão da nossa mãe e
nosso tio, era filho da avó Zaida e de Afonso VI! E também era do tio de Afonso
Henriques, e meio-irmão de Dona Teresa!
Foi a vez de Fátima olhar
para o corpo de Zulmira e dizer.
- A nossa mãe ia sendo morta em Toledo. Os cristãos
queriam que ela matasse o Sancho, recordai-vos? Por isso teve de fugir.
Furiosa, acrescentou:
- Não é possível unir o que Deus e Ala
desunem. Nunca será!
Zaida ficou desapontada, em
silêncio, enquanto Fátima murmurava.
- Se desejais filhar cristãos filhai-os à
vontade. Se desejares dormir com a Chamoa, dormi à vontade. Fornicai com todos
e com todas se o desejardes. Mas não o façais para unir as duas religiões pois
isso nunca irá acontecer!
A guerra é total e sempre
será. Haveis escutado o discurso de Ramiro, hoje de manhã? – Eles pensam o
mesmo.
O califado contra os
cristãos, sejam eles quem forem; e os cristãos contra o califado seja ele de Córdova,
de Marraquexe, ou de Bagdad!
É assim há séculos, e daqui a mil anos continuará a ser!
Nesse momento, Afonso
Henriques, Gonçalo, Ramiro, Mem e eu entrámos na cript a.
Zaida sorriu-nos, mas Fátima cerrou o rosto, virando-nos a cara.
O príncipe apresentou-lhes
as condolências pela morte da mãe e depois sentou-se no banco ao lado de Zaida.
Sorrindo-lhe, o que enervou Mem e Gonçalo perguntou-lhe quem era a mãe dela e
porque o califa Yusuf as desejava ver mortas.
Talvez por estar ao lado da
irmã Aida sentiu-se desconfortável, e nada esclareceu. O príncipe pediu então a
Mem que contasse o que sabia.
Durante a hora seguinte o
almocreve recordou o que ouvira a Zulmira sobre a sua vida em Sevilha, Córdova,
Toledo, Lisboa e de novo em Córdova, até chegar aos cercos de Coimbra.
Depois, acrescentou o que
sabia sobre Abu Zhakaria, a bruxa das cavernas e o assassin.
No final daquela narrativa,
Afonso Henriques comentou:
- Continuamos a ignorar por que o califa vos
quer matar.
O príncipe mirou fortemente
Zaida, e ela parecia querer falar, mas Fátima fuzilou-a com o olhar, Mem
recordou o que a bruxa dissera, que elas eram de sangue real, e Afonso
Henriques exclamou:
- Ramiro, tendes mesmo de
encontrar essa mulher!
Depois o príncipe
levantou-se e declarou:
- Com Abu Zakaria por perto não vos posso
deixar levar a vossa mãe para Córdova. Ficarão as duas em Coimbra!
De seguida olhou para
Gonçalo de forma crítica. Mas é melhor ser o Peres Cativo a tomar conta
delas...
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