O centro da cidade de Santarém |
HOJE É DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém em 17/4/16)
O Marechal Lyantey, o maior militar do
império colonial francês, e General Montgomery, comandante na 2ª G.G.M. eram,
tanto um como o outro, homossexuais e os seus países ficaram a dever-lhes muito
pelos contributos de coragem e valor militar que eles deram.
No entanto, o director do Colégio Militar,
em Lisboa, também ele oficial superior do Exército, mandou chamar os pais de
aluno aconselhando-os a tirarem o filho do colégio porque ele era homossexual e
“ali não era o espaço dele”.
Ficámos sem saber como foi vivida no
concreto a situação daquele aluno dentro do colégio no seu relacionamento com
os restantes colegas e digo isto porque vivi mais de três anos, também como
aluno, num colégio interno, com várias centenas de colegas e nunca me apercebi
de nenhum comportamento perturbador de um colega homossexual e, provavelmente,
existiria lá algum, que levassem à sua expulsão.
Se formos, portanto, pegar apenas na
homossexualidade, a França e a Iglaterra poderiam ter visto a história dos seus
países alterada se tivessem dito àqueles militares, quando jovens estudantes: -
“vai-te embora que o teu espaço não é este...”.
A homossexualidade é um fenómeno complexo
porque reflecte a reacção negativa da sociedade, entre nós de raízes fortemente
machistas, que destrói ou afecta grandemente a vida de um homossexual.
Não posso esquecer, e já lá vão 55 anos,
1961, o desabafo de um soldado da minha recruta quando, sentado ao meu lado na
parada do RI 16, em Évora, por estar com uma lesão num pé, me dizia tristemente, em tom de
desabafo e justificação:
-
Meu Aspirante, eu não tenho culpa, já nasci assim...
- Claro que não tens culpa... respondi eu.
A família, em represália, tinha-o posto
fora de casa e apenas uma irmã se dava com ele.
Tempos duros, aqueles, em que alguém por
força da sua sexualidade, era escorraçado, banido, atirado para o esquecimento,
obrigado a viver na vergonha de si próprio.
A legislação portuguesa arrepiou o caminho
dos pruridos, complexos e incompreensões da sociedade tradicional portuguesa e
hoje está legalizado o casamento entre pessoas do mesmo sexo, reconhecendo que
o importante na vida é a procura da felicidade e não de com quem se dorme na
cama.
posted by Joaquim Paula de Matos at 1:59 da tarde
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