domingo, abril 03, 2016

Esta ruela foi traçada ainda no tempo dos árabes-.
Hoje é 

Domingo


(Na minha cidade de Santarém em 3/4/16)














A partir de amanhã, 2ª Feira, começa, verdadeiramente, o desafio de António Costa para com o país.

O Congresso do PSD confirmou um líder da oposição, esperado, frio, antipático e distante, tão ao gosto de um certo Portugal que nunca morre...

O Orçamento, finalmente aprovado, constituiu-se no mais importante instrumento de trabalho que o líder do PS teve em toda a sua vida política;

Bruxelas, que é como quem diz, os alemães, no seu estilo luterano, não deixam margem para dúvidas: com refugiados ou sem eles, a linha ortodoxa, rígida e intransigente, quanto a metas financeiras e limites de deficits, é para se cumprir, e até os fiscais da troyka, em mais uma visita ao país, não se foram embora sem antes deixarem a nota, sempre «encorajadora», de que o Orçamento sem medidas adicionais não vai lá...

Passos, que já foi mais troykista do que eles, vê-se, assim, confirmado no seu silêncio de líder de oposição ou de chefe de governo no exílio... ele próprio não sabe ainda bem e o país espera agora para ver no pós Congresso.

Em termos gerais de macro-economia, para distinguir as contas lá de casa das do país, a situação é muito simples porque a complexidade vem sempre dos pormenores e do resto...

Vejamos:

- Os portugueses querem viver melhor, e quando digo portugueses estou a pensar, naturalmente, da classe média para baixo, dos que mais pesam nas estatísticas, e que são a principal preocupação de António Costa e da sua “geringonça” representada pelo PCP e Bloco de Esquerda que o apoiam na Assembleia.

É uma ambição humana e legítima, tão humana e legítima que até parece demagógica. Quem não está de acordo com ela?...

Para que tal objectivo seja possível de alcançar o país, obviamente, tem de produzir mais riqueza porque é a única maneira de, efectivamente, as condições de vida dos portugueses melhorarem, já que a outra, aumentando a dívida, nos está vedada e, mesmo assim, no ano passado, 2015, ela ainda cresceu em 0,9%.

Mas produzir mais riqueza é o busílis da questão, é como, para os ratos, colocar o guizo no pescoço do gato.

António Costa e a sua equipa, poderá tomar medidas acertadas do ponto de vista de uma melhor justiça social mas ele sabe, e nós sabemos, que sendo tudo importante, isso será «amendoins» pois, verdadeiramente importante, é o que se passa no “terreno do jogo”, ou seja, na economia, lá, onde se “marcam os golos”... e que difíceis são eles de marcar no actual contexto dos condicionalismos financeiros , de uma situação de crise generalizada, e de mercados internacionais globalizados em que é necessário competir e vender, mas escolhendo estratégias certas que não sacrifiquem os nossos trabalhadores.

Criar riqueza, nos tempos que correm, com as actuais dificuldades de acesso aos investimentos, que são sempre despesas, certas, é verdade, mas não deixam de ser despesas, torna-se um caminho tortuoso.

Passos Coelho sabe disso, esteve lá, e por isso tem continuado calado.

Espera, matreiro, que as duras consequências da realidade se abatam sobre António Costa. O falhanço deste será a sua vitória.

Costa, concedeu ao país o benefício da dúvida, a luz de uma pequena esperança de que talvez valha a pena tentar.

Para Passos, o destino está traçado, com ele não há esperança apenas a certeza de que alguns, poucos, estarão mais seguros no conforto daquilo que amealharam.


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