sexta-feira, maio 20, 2016

Assim Nasceu Portugal

A Vitória do Imperador

A Profecia da Normanda






Episódio Nº 12
















Desagradado, enunciou uma imediata decisão. Sancha e Teresa iriam para Guimarães e viveriam na sua corte!

Elvira manteve-se calada, esperando instruções quanto ao seu destino individual, mas Afonso Henriques parecia ter-se esquecido dela e já planeava o futuro.

Uma ideia começara a germinar no seu espírito, iria construir um novo castelo, para mostrar aos galegos e aos leoneses que as suas pretensões eram intensas.

Edificando uma fortificação em Celmes, o local escolhido, garantia que seu primo Afonso VII não avançaria sobre aqueles disputados domínios.

- Será Gonçalo de Sousa o alcaide desse novo castelo portucalense!

Ao escutar tal nome, Elvira murmurou:

 - Vejo que continuais ciumento...

Anos antes, Gonçalo de Sousa tentara seduzi-la, como fazia com todas as mulheres que conhecia, mas ela não lhe dera troco. Porém, Afonso Henriques tinha receio de que aquele divertido amigo lhe pudesse ganhar ascendente nos afectos da normanda.

Ao nomeá-lo para Celmes afastava essa ameaça.

- Veremos se o Trava me ataca! – exclamou o príncipe.

A normanda de formas voluptuosas riu-se e picou-o:

 - A mim é que ele me atacou...

Aborrecido, Afonso Henriques interrogou-a com ligeira aspereza:

- Haveis tido vontade de vos dar ao Trava?

Então, Elvira levantou-se do banco e aproximou-se dele, ficando de pé à sua frente, alta e poderosa.

 - Sois o meu único amigo, meu príncipe. Além disso estamos no Advento. Para os cristãos, não é tempo dessas coisas.

Afonso Henriques levantou-se também e pela primeira vez nasceu-lhe um sorriso no rosto. Eram quase os dois da mesma altura, dois imponentes exemplares da espécie humana.

Sois normanda, os vossos deuses são menos austeros.

Elvira Gualter ficou de repente muito séria.

- Tive um sonho.

Vira o príncipe de Portugal montado num cavalo alado, negro como breu. As estrelas dançavam à volta dele, mil inimigos cercavam-no, mas do céu caiu um raio que tocou na lança do filho do conde Henrique, que com ela venceria uma tremenda batalha.

Os cães do mal tombariam à frente dele, as flechas do fogo apagar-se-iam aos seus pés, as mulheres cavaleiras encontrariam nele a agonia e os corvos iriam dançar sobre cadáveres malditos, anunciando um novo reino!

Elvira parecia em transe, os seus olhos estavam vidrados, o seu rosto tenso, e terminou a declaração com um murmúrio.

 - Os meus deuses do Norte tudo sabem!

O príncipe, fascinado por aquelas palas palavras místicas, só no final da fantástica descrição é que perguntou:

 - Elvira, Normanda, serei rei de Portugal?

A rapariga riu-se, desfazendo a rigidez que lhe assolara a cara.

Aproximou-se dele e em movimentos rápidos deixou cair a camisa, a saia, as roupas interiores, revelando a sua nudez.

Afonso Henriques admirou aquele corpo monumental, mas não avançou de pronto, o que a levou a afirmar:

 - Sois o meu rei...

Dando um passo em frente, Elvira pegou na mão direita dele e colocou-a sobre o seu seio volumoso, enquanto exigia:

 - Tomai-me e comei-me.

Apesar do perfume de heresia, o convite dela teve o condão de espevitar o príncipe, que, inebriado de desejo, a possuiu ali mesmo.

Depois, levou-a para o quarto e tomou-a várias vezes naquela noite.

Quando a madrugada começou a nascer, Elvira avisou que, se continuassem naquilo, iria gerar filhos, tendo o príncipe retorquido sem pestanejar:

- Cá estarei para ser pai deles.  


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