Clara F. Alves |
Clara Ferreira Alves
Não estava à espera neste ponto da minha vida e neste ponto do século XXI, dobrado o século XX há uns aninhos, de ver aparecer a acusação. Anti-comunismo. Parece que qualquer pessoa que não confie na bondade intrínseca de um acordo de governo com o Partido Comunista Português é anti-comunista.
Confesso ter
nostalgia de muitas coisas, mas não desta. A de repensar o anti-comunismo
privado. Sou ou não anti-comunista? E se for? A questão não é meramente
ideológica, é existencial. É, por assim dizer, teológica. Cheguei à conclusão,
depois de muito matutar, de que sou anti-comunista. Acredito na economia de
mercado, no capitalismo regulado e na iniciativa privada.
Não acredito na colectivização da propriedade e da economia, na eliminação da competição nem na taxação intensiva do capital. O actual Partido Comunista não partilha estas minhas convicções. É colectivista, e foi sempre, ao contrário do que nos querem convencer, pragmático. O PCP foi sempre pragmático e anti-idealista por natureza.
Não acredito na colectivização da propriedade e da economia, na eliminação da competição nem na taxação intensiva do capital. O actual Partido Comunista não partilha estas minhas convicções. É colectivista, e foi sempre, ao contrário do que nos querem convencer, pragmático. O PCP foi sempre pragmático e anti-idealista por natureza.
Nunca foi um partido romântico e só teve um panfleto literário
romântico, os “Esteiros”, de Soeiro Pereira Gomes. Tirando isto, o PCP é um
bloco realista e de realismo social, no sentido que a palavra tinha no século
XIX.
Para o PCP, a marcha da História é marxista, o sentido da História é o da extinção do capitalismo (e não a sua regulação) e o da criação de uma nova consciência social, cívica e política nas mãos do proletariado e das suas vanguardas, organizadas em comités, ou no que lhes quiserem chamar, que controlem os meios de produção e os seus instrumentos financeiros. O PCP era isto. E é isto.
Para o PCP, a marcha da História é marxista, o sentido da História é o da extinção do capitalismo (e não a sua regulação) e o da criação de uma nova consciência social, cívica e política nas mãos do proletariado e das suas vanguardas, organizadas em comités, ou no que lhes quiserem chamar, que controlem os meios de produção e os seus instrumentos financeiros. O PCP era isto. E é isto.
Sou anti-comunista por razões históricas e profundamente temperamentais. Como
boa individualista que sou, tenho horror a colectivismos impostos, e uma boa
parte da minha adolescência e entrada na idade adulta foi passada a assistir e a
resistir a isto. Posso mesmo dizer que, doutrinàriamente, o que me definiu foi
ser anti-comunista.
Comentários:
O texto alonga-se mas a posição política de Clara Ferreira Alves está já suficientemente explicada. O meu mundo estudantil foi dos anos 61, muito antes de Clara F. Alves, - temos quase 20 anos de diferença - e, alem disso, mais restrito e menos politizado.
Hoje, partilho completamente das ideias de Clara F. Alves quanto ao PCP. e o dogmatismo deste partido, mais ou menos disfarçado, só não me preocupa porque acredito que a democracia, na Europa, veio para ficar e ele será sempre uma força minoritária , com mais expressão no nosso país no contexto europeu, que aproveitou agora a boleia de António Costa para ter alguma visibilidade como poder.
O anti-comunismo foi o maior denominador comum da sua formação política, o que evidencia a rebeldia e a independência do seu espírito contra o autoritarismo e o potencial despotismo que esta ideologia encerra.
Vivi anos suficientes no antigo regime para perceber as grilhetas que eram colocadas á liberdade, mesmo com o cinismo característico de Salazar que se escondia atrás da PIDE que apenas dava "uns puxões de orelhas" no dizer dele, aos cidadãos, pretensamente comunistas, que não alinhavam com o seu governo, e roubava escandalosamente nas urnas os votos à oposição.
Nessa luta, o PCP, evidenciou-se mas, se fosse ele a mandar, a sua preocupação seria a mesma de Salazar: impor pelo poder a sua autoridade.
Por isso, Clara F. Alves, é anti-comunista, tal como eu.
Hoje, partilho completamente das ideias de Clara F. Alves quanto ao PCP. e o dogmatismo deste partido, mais ou menos disfarçado, só não me preocupa porque acredito que a democracia, na Europa, veio para ficar e ele será sempre uma força minoritária , com mais expressão no nosso país no contexto europeu, que aproveitou agora a boleia de António Costa para ter alguma visibilidade como poder.
O anti-comunismo foi o maior denominador comum da sua formação política, o que evidencia a rebeldia e a independência do seu espírito contra o autoritarismo e o potencial despotismo que esta ideologia encerra.
Vivi anos suficientes no antigo regime para perceber as grilhetas que eram colocadas á liberdade, mesmo com o cinismo característico de Salazar que se escondia atrás da PIDE que apenas dava "uns puxões de orelhas" no dizer dele, aos cidadãos, pretensamente comunistas, que não alinhavam com o seu governo, e roubava escandalosamente nas urnas os votos à oposição.
Nessa luta, o PCP, evidenciou-se mas, se fosse ele a mandar, a sua preocupação seria a mesma de Salazar: impor pelo poder a sua autoridade.
Por isso, Clara F. Alves, é anti-comunista, tal como eu.
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