sexta-feira, maio 20, 2016

Vários tipos de poder até chegar a mim...
Será o Poder

um Fardo

ou um 

Afrodisíaco?













É sempre a mesma coisa, logo que tentam retirar poder a quem o tem, muito ou pouco tanto faz, aí temos a reacção de desagrado, a manifestação de que estão a roubar qualquer coisa que é nosso e de que, se isso acontecer, o mundo vai ficar muito pior.

O Estatuto Político Administrativo para a Região dos Açores que foi aprovado por unanimidade pela Assembleia da República, impôs  uma diminuição dos poderes do Presidente da República, ao tempo Cavaco Silva, uma vez que terá de passar a ouvir, para poder dissolver a Assembleia Legislativa dos Açores, para além do Conselho de Estado e os partidos nele representados, o Presidente do Governo Regional e a própria Assembleia Legislativa.

Se isso está certo ou errado, se está ou não de acordo cm a Constituição, é discussão para os especialistas na matéria e comentadores políticos, o que estou a registar são as reacções, quase de pânico, quando os poderes atribuídos a alguém são posteriormente beliscados.

Ah!... que o poder é um fardo mas quando se lhe toca, aqui D’El-Rei que vem a casa a baixo!

Há uns bons anos atrás aconteceu uma situação idêntica com o Presidente Ramalho Eanes com o mesmo tipo de reacção, e mesmo o desprendido Mário Soares, é duvidoso que tenha manifestado uma sincera alegria quando da expressão “que lhe tinham aberto a porta da gaiola” quando o então Presidente Eanes o “retirou” dos poderes de Chefe do Governo.

Então, em que ficamos: é fardo ou qualquer outra coisa que se pega à pele do género de uma substância afrodisíaca?

Bertrand Russell, no seu livro “O Poder - Uma Nova Análise Social” afirmava que os principais desejos de um homem eram: o Poder e a Glória.

Na verdade, o Poder tem qualquer coisa de mágico.

Abraham Lincoln descobriu que ele era o grande revelador da alma quando disse:

-  quase todos os homens são capazes de suportar adversidades mas se quiser por à prova o carácter de um homem dê-lhe o poder”.

Quem é que, tendo trabalhado alguma vez numa empresa ou num Serviço do Estado, não conheceu um colega que sendo uma pessoa pacífica, alegre e bondosa, uma vez promovido a chefe, gerente ou director se transformou de repente em duro e autoritário?

Claro que não tem que ser sempre assim. James Hillman no seu livro, “Os tipos de Poder”, afirma que é possível exercer o poder empresarial de maneira eficaz, psicologicamente curativa e pessoalmente gratificante”.

A respeito do Poder vale a pena transcrever, ainda que de forma resumida, o poema de Fernando Pessoa (Álvaro de Campos), intitulado “Poema em Linha Recta”:

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida.
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana…
Arre, estou farto de semi -deuses!
Onde é que há gente no mundo?”

Henry Kissinger que esteve “casado” com o Poder e portanto sabia do que falava, afirmou que ele era o mais poderoso afrodisíaco e, muito provavelmente, quanto maior for o poder, mais poderosos deverão ser os seus efeitos afrodisíacos da mesma forma que se o poder corrompe o poder absoluto deverá corromper absolutamente.

Para muitos, o poder é a suprema ambição, uma forma perversa de se compararem a um deus qualquer e quando assim é, uma vez fora do poder é como se tivessem sido expulsos do Olimpo e em casos extremos não suportam essa terrível humilhação e suicidam-se.

Mas por que se diz que o poder é afrodisíaco? O que é que liga o sexo ao poder?

Uma vez uma professora, no início do ano lectivo na disciplina de química, perguntou aos alunos se eles sabiam qual era o maior órgão sexual do mundo e depois do inevitável burburinho ela própria respondeu que era o cérebro.

Realmente há um corpo que foi concebido para, entre outras coisas, seduzir mas é no cérebro que se encontra a fonte da sensualidade e falar do cérebro é falar da inteligência e uma das melhores definições para inteligência é a da capacidade para estabelecer relações.

E, chegados aqui, é fácil perceber que os homens do poder (machismos à parte), por razões óbvias, têm uma capacidade superior para estabelecer relações, basta lembrarmo-nos do que se passou entre o presidente Clinton e a Mónica.

Para além de admirar o homem, vamos também admitir que sim, ela admirou o poder que ele tinha na qualidade de Chefe do país mais poderoso do mundo.

O poder é sedutor. Homens e mulheres que talvez passassem despercebidos, sem grande sucesso para chamarem a tenção sobre si, ganham uma legião de admiradores ao exercerem postos de comando. De um momento para o outro, mágica e irresistivelmente tornam-se atraentes para muitas pessoas.

A ilusão e a fantasia opõem-se à lucidez, à consciência crítica e à capacidade para discernir e escolher. É a criança que existe em nós e não cresceu que se embasbaca com aquilo que vem de cima e por isso a infantilização do povo é um instrumento para a sua dominação.

Para muitos políticos o poder ainda guarda resquícios da época medieval e não é plenamente exercido senão tiver do outro lado da linha lindas mulheres a quem eles, na falta de competência específica, oferecem demonstrações do seu poder.

De um destes políticos conta-se aquela história picante de uma sua deslocação para visitar umas obras para o que se fez acompanhar, como era seu hábito, de uma dessas “secretárias” e, furtivamente, escondeu-se com ela num barracão de madeira que, naturalmente, não tinha isolamento acústico.

A dado momento, lisonjeado mas também preocupado com os uivos amorosos da companheira, pediu-lhe: - “ Minha querida, fale baixinho”. E ela, a plenos pulmões: Baixinho! Baixinho!

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