A conciliação Impossível.... |
A IGREJA
QUE
TEMOS...
As paróqui as
da Baixa e do Chiado, na cidade de Lisboa, recentemente, distribuíram um
panfleto de preparação para a confissão cujo título, na capa, é: “Sacramento de
penitência e da reconciliação”.
Neste panfleto pode ler-se que um dos
pecados graves de que os crentes se devem penitenciar diz respeito à sua vida
sexual colocando ao leitor as seguintes questões:
- Guardais castidade?
- Consentis em maus pensamentos?
- Participeis em conversas
indecentes?
- Praticais alguma acção grave contra
a castidade (masturbação, relações sexuais fora do casamento, leitura, audição
ou visionamento de material pornográfico, práticas homossexuais?
Estas são as primeiras questões que
as pessoas devem colocar a si próprias para “obterem a reconciliação com Deus e
com a Igreja”.
A seguir vêm outras questões tendo em
vista igualmente a tal “reconciliação com Deus e a Igreja” como sendo:
- Praticaste alguma falta contra os
direitos sagrados da vida tais como: homicídio, aborto, eutanásia, violência
contra os outros, suicídio tentado ou planeado, uso de drogas, abuso de álcool,
condução imprudente e sistemática, riscos desnecessários e excessos tomados por
aventureirismo ou bravata, ou qualquer acção que represente violação do 5º
mandamento da lei de Deus”.
… podiam, mais simplesmente, ter
resumido perguntando às pessoas se cumpriram as Leis e Regulamentos incluindo o
Código das Estradas.
O destaque que é conferido à
sexualidade e às práticas homossexuais colocando-as em paridade com crimes
gravíssimos como o homicídio, despertou reacções indignadas quando, a própria
lei, já autorizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A Igreja continua ainda a revelar, em
certos sectores, que tem pelas coisas do sexo uma aversão, espécie de paranóia
que vem de longe e teima em se manter, mesmo num momento muito delicado dada a
revelação pública de inúmeros casos de pedofilia com encobrimento por parte de
Bispos, seus mais altos responsáveis.
Não esqueçamos que Jesus, segundo a
doutrina, não teve direito a um pai para que pudesse ter sido concebido “sem
pecado”, por sua mãe, “virgem” Maria.
Ou seja, o acto da procriação é um
pecado (esta, sim, verdadeira heresia…) e para que a humanidade não se
extinguisse os senhores da Igreja permitiram que as relações sexuais fossem
aceites, sabe-se lá com que relutância, dentro do casamento, presume-se que o
canónico.
Por quê esta aversão, este
ódio/atracção, pelo sexo? Esta relação com o seu quê de patológica foi agravada
pela insensata decisão da obrigatoriedade ao celibato dos padres, decisão esta
tomada no Concílio de Nicéia em 326.
- O poder do sexo desafia o poder da
fé. São duas forças tremendas, podendo ser destruidoras dentro de nós: pelo
amor e pela fé se mata e se morre.
Para garantir a reprodução, os
processos de selecção da natureza “criaram” o amor que torna irresistível a
aproximação e a união entre as pessoas com vínculos mais fortes, demasiado
fortes por vezes, nos primeiros anos para assegurarem a concepção e o apoio aos
descendentes nos primeiros tempos de vida. (leia-se a respeito desta matéria o
que a antropóloga e investigadora americana Helen Fisher tem para nos ensinar).
Para garantir a sobrevivência os
processos de selecção desenvolveram, também, o mecanismo do “acreditar”, já aqui explicado pelo autorizado Prémio Nobel, Richard
Dawkins, de que as religiões, mais tarde, se aproveitaram (“danos colaterais”)
e a que chamaram fé.
O “Amor” e o “Acreditar” são dois
espaços dentro do nosso cérebro, duas forças potencialmente explosivas que
podem servir projectos de felicidade ou de destruição.
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