Quando, ontem, com sentido
irónico, chamei de “pequeno” a Portugal contrapondo-o à dimensão de certos
portugueses, entre eles António Guterres, estava, afinal, a ir ao encontro do
que a imprensa de fim-de-semana diria igualmente de Guterres: “é maior do que
Portugal!”.
Esta afirmação
prestigia Guterres, deixa-nos orgulhosos mas está longe de ser humilhante para
o país porque, não tivesse ele a dimensão que tem, como homem, e nunca seria
Secretário - Geral da ONU.
Nesta vitória de
Guterres houve muito trabalho das chancelarias. Ele próprio considerou que, à
partida, não teria mais de 20% de possibilidades, mas o que não é menos verdade
é que mesmo só com esses 20%, num país com a nossa dimensão e importância,
apenas acontece uma vez na vida aparecer alguém que tenha as restantes 80%.
Foi uma sorte para
nós que ele tivesse nascido português, embora a nacionalidade pareça ser um
factor irrelevante dadas todas as restantes qualidades, reveladas, de resto,
nas funções que exerceu durante 10 anos como Alto - Comissário da ONU para os
Refugiados.
O país “apaga-se”
perante ele, não por ser pequenino ou grande, mas porque depois de se ter dado
a conhecer, como o fez em seis entrevistas e pelo trabalho anteriormente realizado,
houvesse ele pudor e justiça e teria sido o mundo a pedir-lhe para ser seu Secretário –
Geral.
O voto de unanimidade e aclamação com que foi escolhido parecem ser esclarecedores do reconhecimento do seu valor.
Ontem falei da importância da nossa localização geográfica, do ar a maresia que respiramos, mas também da nossa história, do nosso passado mais recente com os seus bairros de lata e os seus analfabetos, da cultura, e procurei ligar António Guterres a tudo isso.
Ontem falei da importância da nossa localização geográfica, do ar a maresia que respiramos, mas também da nossa história, do nosso passado mais recente com os seus bairros de lata e os seus analfabetos, da cultura, e procurei ligar António Guterres a tudo isso.
Talvez seja uma
injustiça para ele mas eu não o concebo fora deste nosso país, nascido em
Lisboa e educado nas Beiras, e embora seja um homem do mundo, que extravasou as
fronteiras dentro das quais nasceu, tem a nossa marca de português, seja lá isso
o que for, que o acompanhará sempre, sejam quais forem as funções e os cargos
que desempenhe.
Não sabemos o que irá conseguir num mundo gerido por interesses tão grandes como o nosso mas, se alguém puder dar um contributo positivo, esse alguém é António Guterres.
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