segunda-feira, fevereiro 27, 2017

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do 

Equador










A democracia, a Sul do Equador, e estou a pensar no Continente africano, é uma fantasia, um palavrão, bonito, é verdade, mas não passa disso... só para vender nos palcos internacionais mas sem nada de verdadeiro.

Reparem nesta “tirada” saída da boca de Grace Mugabe, 51 anos, esposa de Robert Mugabe, Presidente do Zimbabué, no dia de celebração dos 93 anos do marido:

 - “Se Deus decidir levá-lo o melhor seria candidatá-lo mesmo já cadáver!”.

O que ela não diz é que as “contas a ajustar” por todos os que foram considerados inimigos políticos do marido, após a morte deste, podem fazer correr muito sangue pelos ódios e vinganças recalcadas.

O poder político, ali para aquelas bandas a Sul do Equador, é isso mesmo, é poder, poder que é exercido com mão de ferro, em alternativa às guerras civis como aconteceu, por exemplo, em Angola e Moçambique.

Na história e cultura dos povos não é a democracia que está nas suas raízes mas sim lutas intestinas, guerras por domínios territoriais por diferenças religiosas a servirem de capa. Na Europa, para além de outras menos generalizadas, as chamadas guerras civis, tivemos a Guerra dos Cem anos, dos Trinta Anos, 1ª Grande Guerra Mundial, 2ª Grande Guerra Mundial ou seja, andámos sempre para aqui à “batatada” exceptuando estes últimos 70 anos de paz, após 1945.

Em África, teremos tido guerras tribais porque era assim que a sociedade estava organizada e Robert Mugabe, sabendo isso, ele que até estudou na Universidade em Londres, impôs uma ditadura para assegurar a “sua” paz, olhos postos no que tinha acontecido nos seus vizinhos em Angola e Moçambique.

A Democracia, o Estado de Direito e o primado da Lei, são conquistas muito bonitas mas recentes, dos países do mundo ocidental e foi preciso caminhar muito para lá chegar e, mesmo imperfeitas, estão sujeitas a sobressaltos como os de Trump, por exemplo, candidato a ditador, a ser eleito por 20% dos americanos, e a pretender agora pôr e dispor à mercê das suas vontades e interesses.

Somos privilegiados porque temos vivido em paz e segurança com um efectivo progresso social e uma muito melhor qualidade de vida que há umas poucas dezenas de anos, com os nossos pais e avós, eram miragem.

Por tudo quanto de mau ali tem acontecido há quem considere de “maldito” o continente africano, porque a fome, as doenças e as guerras, têm dizimado as populações que não mereciam tal destino, se é que alguma, por ventura, o merece.

Nunca encontrei pessoas tão hospitaleiras e simpáticas como os Luenas, na fronteira Leste de Angola com a Zâmbia, com quem convivi durante 15 meses, até Março de 1965. Quando as deixei tinham a guerra à sua espera, uma guerra que se havia de prolongar por muitos anos e que de forma alguma mereciam, até porque nada tinha a ver com ela.

As vítimas principais das guerras, como sempre acontece, são as pessoas anónimas arrastadas no turbilhão dos acontecimentos. Aquelas que ali conheci, para além de uns paus de mandioca quando os elefantes de noite não entravam nas lavras para as comerem arrancando-as a ponta - pé ou melhor, a ponta - mão, não tinham mais nada para além de fome, porque as terras de areia eram pobres e a agricultura não lhes proporcionava mais do que esses pés de mandioca e o gado, aqueles que o tinha, não era para matar, tinha outras funções...

A rainha Nhakatolo, na minha presença, comandante do pequeno destacamento militar ali fixado, queixava-se ao Governador-Geral, General Silvino Silvério Marques (por graça, “Sim Senhor Ministro”) a quando da sua visita àquela região:

- “Governador, os teus elefantes causam muito prejuízo, manda um caçador dar uns tiros neles...” e o Governador mandou e ele matou uma fêmea que tinha um filho pequeno que acabou por morrer por falta do leite da mãe e da família.

Naquela terra parece que tudo puxava para a desgraça...



Lumbala - Numa daquelas casernas, no meu tempo só havia uma, vivi dias muito felizes de Out/63 a Março/65


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