terça-feira, junho 20, 2017

Resultado de imagem para fogos em portugalPortugal já

está a arder?














Portugal, como país da bacia mediterrânica que é, sempre ardeu com os calores de verão. É assim este ano, foi-o no ano passado, menos historicamente pela ocupação dos terrenos das populações de então, mas sê-lo-à no futuro cada vez mais enquanto se mantiver este revestimento vegetal, o despovoamento do interior e as temperaturas com tendencia para aumentar cada vez mais.

É verdade que os terrenos ficam enriquecidos pelas cinzas  da vegetação ardida que funcionam como adubo quando não são arrastadas pelas águas das chuvas e, não fossem as vidas que se perdem, um benefício poderia  compensar o prejuízo.

Mas as pessoas não aprendem. Ano após ano repetem os mesmos erros: árvores à beira das estradas ou quase encostadas às casas de habitação quando a lei impõe distancias mínimas de 10 e 50 metros, respectivamente, que ninguém cumpre.

Entretanto, continua este espetáculo dramático que as televisões aproveitam para abrir tele-jornais de casas e carros carbonizados e pessoas em lágrimas porque perderam todos os seus haveres.

Penso que já estamos todos resignados: praia e fogos são uma constante de cada Verão. Como somos 10 milhões talvez a nós não nos calhe o fogo...

As pessoas que já morreram este ano que erro teriam cometido elas para o pagarem com a vida e os haveres?

Lembro a minha infância e juventude quando, como estudante, passava as minhas férias grandes em casa dos meus avós paternos na aldeia da Concavada, concelho de Abrantes, na Beira Baixa.

Recordo, o que agora já não se vê, que eram os homens, ao cair da tarde, de enxada ao ombro, irem tratar das suas hortas. O campo estava presente no dia a dia das suas vidas. Não me lembro que então os fogos perturbassem as minhas férias.

A vida era outra muito diferente, tão diferente que nem dá para contar diferenças. Nada é o mesmo setenta anos depois. As pessoas que conheci em garoto, na década de quarenta, já morreram. Eram de outro "planeta".

Eu tive a sorte de ter nascido num ponto de viragem do mundo que me permitiu ver passar ao meu lado a 2ª G.G. Mundial e participar, anos mais tarde, na Guerra Colonial quando Salazar nos mandou para África"depressa e em força" ele, que nunca lá pôs os pés.

Voltando à minha meninice, na década de 40 e ainda 50, na aldeia dos meus avós, os homens trabalhavam do nascer ao pôr do sol e ganhavam 14 escudos diários e uns "feijões" ao fim do mês a que chamavam de "comedorias.".

Eu era menino, filho do patrão, estudante em férias, e essa outra realidade passava-me ao lado. Lembro-me de tudo isso mas dos fogos não, porque, nessa época, o interior do país não estava desertificado e os terrenos entregues a duas espécies de árvores, não autóctones, pinheiro e eucalipto cuja vocação é crescerem rapidamente para darem dinheiro ao proprietário do terreno.

Site Meter