sábado, novembro 04, 2017


A diferença 

estava no abanar...











Maria não conseguia atingir o orgasmo quando fazia amor com o marido.

Certo dia, ela contou-lhe:

- Amor, esta noite eu tive um sonho incrível. Estávamos a fazer amor e em cima do armário tinha um preto com um leque que nos abanava e eu senti tanto prazer ...



Os dois decidem então realizar o sonho. Procuram um preto na esquina da rua a quem oferecem 500€ para abanar os dois de cima do armário enquanto fazem amor.

O negro aceita e os três vão para o quarto.

O casal começa a fazer amor e o preto, em cima do armário, abana com o leque.


Infelizmente ... não dá nenhum resultado.

A Maria, então, diz ao Manuel:


- Talvez seja melhor inverter os papéis ... ficas em cima do armário e ele vem para aqui.


O Manuel, meio perplexo, aceitou.


O preto vai para a cama com a Maria e o Manuel vai para cima do armário abanar...

Pouco tempo depois Maria grita de prazer e atinge o orgasmo.



Quando os dois terminam, o Manuel desce do armário e diz ao preto:

- Viste como é que se abana? ... seu preto de merda!!! ...







Viriato


Os romanos, quando taxaram Viriato de «dux latronum», capitão de salteadores, não o caluniaram totalmente. Na sua serra era um criador de gado e, por extensão ao tempo desta indústria, o primeiro pegureiro (pastor). Quem tinha rebanhos, não só aviava o surrão aos zagais que os haviam de conduzir aos pastos, como pastoreava também.
Bem certo que não seria uma só vez nem duas que este homem, mais tarde investido das virias, daí Viriato, seguisse encostado ao cajado, ou à lança, os passos dos seus merinos ou corresse, de par com os sabujos, a escorraçar a alcateia esfomeada.

Pastores eram todos os homens naquelas épocas de economia rudimentar e porventura fosse este o mister por excelência.

O Velho Testamento celebra os patriarcas e figuras gradas do patriarcado, Labão, Isaque, Jacob, antes de mais na qualidade de senhores de densíssimas manadas, hábeis, em correspondência, nas sortes e manhas do pegulhal (ovelhas do pastor que são apascentadas com as do amo).

Se se fizesse um paralelo entre as tribos nómadas de que procedeu Israel e as tribos de que a certa altura desabrocharam Viriato, Sertório e os heróis de Numância, - antiga cidade da península ibérica, nas margens do rio Douro, fundada no século III AC e que cometeu suicídio colectivo depois de um cerco de nove meses para não caírem vivos nas mãos dos romanos - haveria muito que distinguir em grau de civilização?

Os lusitanos davam-se à pastorícia, uma das primeiras actividades do homem ao romper da idade neolítica, como a gente da borda se dava à pesca. Mas semelhante lida não os inibia de exercer outros ofícios, um deles, velho como o mundo: saltear os haveres do semelhante.

No fundo, era uma prática como outra qualquer, com todos os foros de universalidade. A forma é que tem variado, rebuçada em leis e mandamentos, especiosamente divergentes. Nada mais natural, portanto, que as tribos das serras, onde a vida era áspera e difícil e os moradores mais de uma vez deviam adormecer com os estômagos a ladrar, acumulassem com a função comum a de salteadores.

Era uma ordem de cavalaria de tantas consagradas pela História, como por exemplo, mais tarde a do Templo. Roubavam-se mais ou menos de pé fresco uns aos outros, e em caterva abatiam-se sobre as terras fartas e latinizadas do Sul.

Em três tempos, então, passavam os galfarros a tudo o que tivesse aparência de boa presa. O ditado: «olho vê, pé leva e mão pilha» marca o ritmo hispânico quanto a tais empreendimentos. É mesmo possível que a sorte destas expedições constituísse títulos de glória para os seus autores.

O mais afortunado receberia o preito da fama como nas batalhas os valentes. A moral na Lusitânia, assim era como Sparta, representa um ludíbrio à face das tábuas brônzeas do Decálogo. Melhor seria dizer: cada serra com sua consciência, do que cada terra com seu uso. Pilhar o vizinho, celtibérico ou vetão apaniguado do romano, era virtude e não crime.

Não mareiam pois a coroa de louros a Viriato os adjetivos pejorativos que Valério Maximum, Apiano e Cassiodoro lhe infligem, tais como ladrão refinado e capitão de quadrilha.

 - Com muita honra –  diria ele.

Aquilino Ribeiro - Da obra "Príncipes de Portugal"

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