domingo, novembro 24, 2013

Hoje é

Domingo
(24 de Novembro de 2013)
(Na minha cidade de Santarém)




No meu país fala-se em bloqueio político. As pessoas sentem-se cada vez mais ameaçadas pelo futuro com um Orçamento para 2014 que vai atingir em cheio Pensionistas e Funcionários Públicos, parecendo que nada satisfaz a troika e uma Alemanha que insistem em mais austeridade.
Mas bloqueio político porquê? Não está a democracia a funcionar? Não estamos a viver num quadro Legislativo normal com o governo de uma coligação de dois partidos que tem maioria de deputados na Assembleia?
Esta política não nos foi imposta pelos credores na sequência de um empréstimo de 68.000 milhões de euros ao país?
Neste ponto começam as discussões porque os partidos da oposição afirmam que o Governo foi para além da Troika, que conduziu mal a austeridade, que governa contra a Constituição, que infringiu princípios elementares da política e do Direito, como seja tomar decisões com efeitos retroactivos feito governo saído de uma Revolução, em vez de se limitar a tomar decisões apenas para o futuro.
O governo defende-se, dizendo que para alcançar os déficits impostos não há outra maneira uma vez que a grande fatia da Despesa Pública está nas pensões dos reformados (a tal “peste grisalha”, no dizer de Carlos Peixoto, deputado do PSD) e nos ordenados dos seus funcionários.
A oposição vê nestes cortes uma veia persecutória, um plano maquiavélico, uma insensibilidade social e desdém por uma classe média que não devia ter chegado ao desafogo a que chegou e que agora vai ter que devolver o que andou a receber a mais fazendo crescer a dívida que nos trouxe a esta situação.
A situação de tensão aumenta e agrava com Mário Soares, do alto dos seus 84 anos, (num furor de juventude, como diz o seu filho João Soares), em aliança com adversários de ontem, a mobilizar a sociedade civil pedindo a demissão do governo e até do Presidente da Republica.
O PS está encolhido numa situação sem soluções fora da austeridade mas gritando contra ela como é da obrigação do maior partido da oposição.

 Com um líder que mais parece agora um “espirra canivetes” que não convence mas espera que o poder lhe caia no regaço como esperou que o partido caísse… tanto mais que António Costa está bem seguro como Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
As polícias à civil protestam contra os cortes subindo os degraus da escadaria da Assembleia da República, rompendo barreiras de polícias, estes fardados, numa espécie de reedição dos “secos e molhados” de 1989 em que polícias com mangueiras de água atacavam outros polícias que resistiam fardados, agarrados uns aos outros.
A Presidente da Assembleia da República, espécie de anjo descido à terra, faz declarações à porta da Assembleia, honrada porque "a sua casa” foi escolhida para os protestos dos polícias… não obstante o sacrifício do seu Director que de imediato pediu a demissão por tal honra.
A tensão com o Tribunal Constitucional, ou a Constituição, que nós temos e a Irlanda não tem, agora que se confirma que o Presidente da República lhe vai submeter a proposta do corte retroactivo das reformas, medida que vale uma economia no Orçamento de mais de 500 milhões de euros, vai aumentar com as autoridades europeias e a troyka a pressionarem e a ameaçar.
Os portugueses sentem-se atordoados… As análises e conclusões dos especialistas económicos são contraditórias, mesmo antagónicas em aspectos que pareciam ser consensuais.

Diz o Dr. César das Neves, reputado Prof. de Economia da Faculdade e católico do fundo da sua alma:
- Aumentar o salário mínimo nacional é contra o interesse dos pobres!
E as pessoas, que não são versadas em macro-economia, pensam:
- Deve estar tudo doido…
O inverno aproxima-se, o Subsídio de Natal que o Governo foi obrigado a pagar desapareceu todo no acto do pagamento “comido” por taxas e impostos.
As lojas vão ter que esperar por melhor dias e o sapatinho na chaminé para receber as prendas do Pai Natal, se ainda fosse esse o uso, ficaria menos calçado…
Os portugueses estão a regressar à sua condição de pobres com a classe média a emagrecer, ontem, com a inflação, hoje, com um marco alemão travestido de euro, com cortes, taxas, impostos e descontos…

Como dizia António Guterres:

- É a vida… a nossa vida.

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