(Domingos Amaral)
Episódio Nº 71
- Devem ter vindo para as
justas de Domingo. São dos nossos, não os agastemos.
Contrariado o Braganção
resmungou:
- Nunca somos bem
tratados... Sois como vossa mãe, que nos atirou quase para fora da muralha!
Gonçalo referiu que também
seu pai se sentiu desconsiderado.
- Pelo menos estais cá –
murmurou o príncipe.
Irritado, o Braganção
enxofrou-se:
- Sabeis o que se diz? Paio Soares vai a
Mordomo-Mor, o traidor!
E vosso pai, amigo Lourenço,
será governador de Lamego!
Questionado sobre a
aceitação de tais benesses, Afonso Henriques respondeu:
- Já sabem ao que vão. É Fernão Peres que
manda.
Perante tal evidencia,
Gonçalo reforçou a ira da família Sousa:
- É o Trava que meu pai abomina! Paio Soares e
Egas só servirão para rabiscar documentos!
Zangado, o Braganção
vociferou que o vinho nunca mais chegava!
O taberneiro justificou-se,
com tanta clientela fora necessário deitar mais água nas pipas! Gonçalo exigiu-lhe
também dados e toucinho, pois o dia santo já findara e estava esfomeado.
Mal chegaram os pedidos, e
trincadas as primeiras fatias, o príncipe afirmou:
- O sonho de minha mãe é o
mesmo de meu pai. Unir a Galiza e reinar nela. Era esse o pacto de meu pai com
meu tio Raimundo.
À volta da mesa, todos
conheciam o antigo acordo entre primos borgonheses, que nunca fora aceite nem
pelo imperador, nem pela filha, Dona Urraca.
O Condado Portucalense
jamais se unira em definitivo à Galiza, qui mera
que Dona Tereza desejava ressuscitar.
O Raimundes vai querer ser
rei de tudo! - exclamou o Braganção. – E eu serei sempre o primeiro a levar com
ele!
As terras de Bragança
confinavam com a dos reis hispânicos daquele que em breve tomaria o nome de
Afonso VII.
Agastado, o Braganção pegou
nos dados, perguntando antes de os lançar:
- Vossa mãe vai a Ricobayo prestar vassalagem
a vosso primo. E vós?
O príncipe esperou o
resultado dos dados e só depois afirmou.
- O meu sonho é o mesmo de meus pais. Não me
agrada continuar a ser governado por um Trava.
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