sexta-feira, fevereiro 29, 2008


Barack Obama


Não sei se me hei-de congratular mais com a capacidade de encantamento do candidato Obama, ou se pela capacidade de uma grande parte dos americanos, especialmente a sua juventude, até há muito pouco tempo completamente divorciada do fenómeno político, se deixarem encantar.

É, com certeza, um fenómeno de total reciprocidade não previsto e com o seu quê de surpreendente.

Hillary tinha, à partida, e já em data muito recente, as eleições práticamente ganhas para se defrontar com o candidato Republicano na disputa da Casa Branca, assim o diziam amplamente todas as sondagens, assim o reafirmava o forte apoio do aparelho do Partido Democrata onde os Clintons dominavam.

Depois, Obama, começou a surpreender o eleitorado com um discurso completamente novo e sedutor, no conteúdo, no estilo e na forma e os ouvidos, mais ou menos moucos com que os cidadãos presenteiam os políticos, de repente ficaram atentos, as pessoas pararam para ouvir.

Interromperam os seus percursos, desviaram-se dos seus caminhos e seguiram o orador… e as filas dos que escutavam foram aumentando, a palavra passava de boca em boca e a surpresa fazia nascer o entusiasmo e a esperança.

Quem é este homem de semblante calmo, persuasivo, de aspecto messiânico que transmite confiança e determinação num novo rumo a seguir?

Que pode fazer Hillary Clinton perante um adversário que nos debates a escuta com atenção, cabeça ligeiramente apoiada e um sorriso de candura na expressão?

Ele próprio desculpa os excessos da campanha adversária argumentando que são coisas “normais destas campanhas” e quando se referiu à fotografia em que surge vestido em traje somali afirma acreditar que ela não tenha tido origem na campanha adversária.

E fala, fala sempre na mudança e na convicção de que é possível porque, no fundo, ela só depende do querer dos homens, e ele quer essa mudança e apela a todos para que também a queiram.

A luta, diz ele: “não é entre regiões, religiões ou sexos, não é entre ricos e pobres, pretos e brancos, jovens e velhos. É entre o passado e o futuro”

E as pessoas dão por si entusiasmadas, empolgadas… afinal, por que não há-de ser possível, por que não prosseguir um sonho, por que não tentar e pedir àquele homem -mais que segui-lo- que lhes devolva a esperança de um mundo melhor.

O que nós assistimos neste momento nos EUA, na Europa e um pouco por todo o mundo é a uma luzinha que se acendeu e não pára de aumentar de intensidade porque todos tínhamos perdido a fé na política e nos políticos e era indispensável reacendê-la.

Bush, com aquele ar de xerife que o caracteriza, olhando para o mundo como uma terra de bons e de maus, com a espinhosa missão de ter que premiar uns e castigar os outros, deixou-nos a todos doentes, deprimidos, sem esperança.

Mentiu e chantageou o mundo para justificar a invasão do Iraque numa guerra que ele sabia estar antecipadamente ganha mas foi completamente incapaz de prever as terríveis consequências de tão tresloucada decisão.

Ele foi, para mim, o grande aliado do Bin Laden porque, tanto um como outro, minaram a nossa confiança na humanidade.

Há que preencher um vazio, um enorme vazio que a experiência e os conhecimentos políticos de Hillary não conseguirão preencher porque ela não empolga, falta-lhe “o golpe de asa”, além de que será o novo poder que já foi poder e quantos compromissos não estarão por detrás dos Clintons com um passado de oito anos de Casa Branca com tudo o que isso representa de positivo mas também de negativo?

Obama é o homem certo no momento certo.

Se vier a ser eleito, como espero, o seu mandato será o mais livre de interesses económicos de quantos já aconteceram nos EUA não só porque se afirmou contra eles na sua campanha eleitoral, como a sua base de apoio não existia e veio como uma onda, em crescendo, animada pela juventude que se mobilizou entusiasmada para a levar o vitória.

Na próxima semana não estarei em Santarém para escrever no meu Blog. Quando retornar voltarei a este assunto que tantas pessoas por este país e esta Europa está a apaixonar para poder, então, cantar vitória com mais garantias de não me enganar.

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