quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Notas do Macroscópio sobre o Prós & Contras
José Miguel Júdice está farto de virar frangos, disse. Estou até desconfiado que é ele que me serve sempre que vou à churrascaria. Vende-me sempre as galinhas queimadas. Afinal, sempre é ele... Disse o que todos nós pensamos da Justiça em Portugal: é inoperante. Fez até a "quadratura do círculo" ao concordar com posições defendidas pelo actual bastonário da OA, Marinho Pinto. Já valeu a pena ter havido Outlet, pretexto para uma reconciliação. De preferência, com testemunhas...
O fiscalista Saldanha Sanches vê conluios e conspirações em todo o lado, até na cadeira onde estava sentado. É inteligente e lúcido, acerta numas coisas mas quando generaliza o seu raciocínio armadilha-se e cai. Chegou a defender que os deputados elaboram propositadamente mal as leis para que dessas deficiências os interessados recorram aos advogados, aos consultores, aos jurisconsultos, etc. Seria o mesmo que dizer que a Junta Autónoma das Estradas desenha mal o traçado das mesmas para as pessoas terem acidentes e, assim, darem emprego às oficinas e seguradoras. Imaginam este homem engenheiro a fazer pontes??!! Chumbaram-lhe as provas de agregação e ele ficou (mais) azedo, é compreensível. Daria um bom ministro da Justiça, qualquer coisa é melhor do que está. O problema de Sanches é que dispara em todas as direcções ao mesmo tempo, torna-se imprevisível e errático: um gerrilheiro. Assim, até baralha o Júdice. Não pode ser. Mesmo calado denuncia-se como ex-maoista. Sugira-se à Mizé que, para a próxima, lhe administre 7 Lexotans num copo d´ água antes de ir para stúdio. Mas cuidado com a miligramagem, não lhe vá suceder o que sucedeu ao Santana no Palácio da Ajuda em 2005, e depois foi o que se viu...
O dr. Subtil pôs ordem no debate pela clareza e determinação dos objectivos que devem presidir à Justiça. Parcerizou com Júdice na desgraça que é a Justiça e reclamou celeridade no processo, até como garantia para o cidadão comum que amanhã pode ser prejudicado como hoje o está a ser o próprio PM. Apontou as fugas ao segredo de justiça como uma erva daninha em Portugal - a que nem o PGR - pago com o dinheirinho de todos nós - soube explicar. No final, até elogiou os jornalistas, fez o pleno.
O problema é do "xistema". Para politólogo - "politologou" mal. Depois a (tentativa) da transposição das conclusões da Transparency International para o caso Freeport tinham tanta relação como as preocupações de Ferreira Leite com o encerramento de Guantánamo por Barack Obama. De resto, o politólogo citou sondagens e estatísticas e não conseguiu provar nada, salvo o desinteresse dos cidadãos pela política. Uma novidade sábia. Serviu para justificar a presença. O que prova uma coisa: quando a Ciência Política se deixa invadir por correntes quantitativas de expressão matemática ou matematizante duma certa sociologia eleitoral - até a realidade social fica mais confusa. Devo sublinhar que o doutor Manuel Marinho é doutorado em Ciência Política, creio, eu também. E em vez de procurar quantificar expressões nem sempre são quantificáveis na relação política, talvez fosse mais útil distinguir um facto dum factóide, circunstância que o ajudaria a compreender que nem toda a comunicação social em Portugal afinou pelo mesmo diapasão relativamente à catarse do momento: o freeport, o porta-aviões da oposição e das corporações em Portugal.
Rui Gonçalves é daquelas pessoas que deixam a impressão de ser sério, rigoroso e, mais ainda, trabalhador e responsável. Sempre que se explica fá-lo com rigor e não usa e abusa da demagogia e da imprecisão de conceitos e argumentos patentes noutros intervenientes no programa. De resto, fico sempre com a mesma impressão sempre que intervém na esfera pública. Espero que a razão de se explicar bem e ser convincente não decorra da razão de ter recebido luvas, de pele do rabinho da andorinha de 5 asas. Se assim for, ainda cai na Zona de Protecção Especial..., o que origina mais uma queixa a Bruxelas por parte da Quecús.
Este rapaz vai longe. Acertou na crítica à srª Procuradora Cândida Almeida. Esforçou-se por ver nos indícios luso-britânicos e nos factóides avulsos publicados pelos media instrumentos de prova incriminatórios do PM. O seu tom e o seu registo eram esses: inculpar.
Intervalou com momentos de maior tensão e serenidade. O que me leva a supôr que em 2013 é capaz de ser deputado pelo PSD e, com sorte, ainda vai a secretário de Estado da..., Justiça.
Atenção: Psd não esqueçam esta cara. Portou-se como um verdadeiro deputado da oposição. De resto, creio que ele não representava só o PSD, mas também o cds, o BE, o PCP. Ou seja, a tal coligação negativa que cabia dentro do "meu" porta-aviões. Apenas deixou de fora Os Verdes que, consabidamente, é um grupelho de duas ou três pessoas que parasitam o PCP e estão no Parlamento sem legitimidade própria. Ainda assim, pergunte-se ao dr. Amorim se, dans le esprit, ele não os estaria a representar.
PS: Depois de ouvir o dr. Amorim, até pela volumetria do seu pensamento, lembrei-se de quão felizes são os pais que não têm filhos. Mas adiante. Se, porventura, alguém encontrar os 4 milhões (e mais não sei quê, como diria o outro...) que a Carlyle anda à procura, e que se calhar o dr. Martins da Cruz é capaz de saber para onde foram, queiram ter a gentileza de o enviar em meu nome para este humilde espaço. Eu também "ando a virar frangos", como o José Miguel Júdice, já se vê...
PS1: Em 1976 aparece na tv em Portugal o Sandokan - um famoso pirata fictício de finais do século XIX. Foi protagonista de aventuras de romances e ficou celebrizado como O Tigre da Malásia. No vídeo abaixo, que fez as delícias da minha criancice, e parti muitas vezes o queixo à boleia dessas manias de voar, vemos Sandokan a matar o Tigre em pleno vôo para salvar a donzela em apuros.
Isto deve responder às angústias dr. Saldanha Sanches, que envolto numa nuvem de perdigotos, revelou a sua impotência acerca do melhor meio de escapar da crise e da catarse que estamos a viver. Ou seja, temos "um tigre" à solta entre nós, e agora alguém terá de assumir o papel de Sandokan. Mas, francamente, não estou a ver esse papel atribuído ao sr. PGR, Pinto Monteiro (que fala, fala, fala) muito menos à sua "assistente-de-locução" - que a semana passada deu uma entrevista que revelou bem o estado da "Justiça-lego" a que chegámos.

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