terça-feira, setembro 01, 2009



OS “PEQUENINOS” PREDADORES




A nossa imaginação guarda em lugar de destaque os grandes predadores, os leões e os tigres, estes em especial, talvez por reminiscências de um passado recuado em que fazíamos parte da dieta dos tigres “Dente de Sabre”, mas os predadores pequeninos, minúsculos e microscópicos são muito mais perigosos e mortais, para além de que nos acompanham permanentemente invadindo os nossos corpos sempre que respiramos ou comemos.

Quando morremos, o nosso sistema imunitário deixa de funcionar e de imediato somos literalmente devorados por milhares de milhões de micróbios como se fossem outras tantas hienas saltando sobre a carcaça de um elefante.

É o nosso Sistema Imunitário que mantém esses predadores à distância, mas como?

- Uma possibilidade consiste num grande número de “planos de guerra” que evoluíram anteriormente. Por exemplo: o micróbio x invade o nosso corpo, é detectado por processos químicos e é imediatamente atacado com o plano de guerra x do arsenal do Sistema Imunitário.

Claro que isto é apenas uma parte da história, pois não existe apenas uma espécie de micróbios como também cada espécie evolui a uma grande velocidade.

Assim, a única forma de combater uma tal diversidade de inimigos que se modificam tão depressa é combater o fogo com o fogo, ou seja, a evolução com a evolução.

O cerne do Sistema Imunitário é a produção aleatória de anticorpos e a selecção daqueles que se associam com êxito no combate aos organismos de doenças do nosso corpo.

O Sistema Imunitário é um processo de ritmo rápido da evolução de anticorpos, criado pelo processo de ritmo lento da evolução genética.

Ele resolve o problema da “dança com fantasmas”. Suponhamos que um determinado tipo de micróbio, completamente novo, chegado de Marte ou da Galáxia mais próxima, invade o nosso corpo.

O facto de o Sistema Imunitário, em si mesmo, ser um processo evolutivo com soluções adaptativas rápidas e não à escala do tempo da evolução genética permite-lhe forjar a solução.

Supor, agora, que alguém afirma ser possível compreender o Sistema Imunitário sem nos preocuparmos em pensar na evolução, estaria profundamente errado e por dois motivos:

- Em primeiro lugar porque ignoraria o facto de o Sistema Imunitário no seu cerne ser um processo de evolução de ritmo rápido;

- Em segundo lugar, ignoraria, igualmente, o facto do Sistema Imunitário chegar a soluções adaptativas apenas porque ele se insere numa arquitectura vasta e complicada que se desenvolveu ao longo dos tempos por meio da evolução genética.

Sem se perceber que o sistema de evolução se processa em duas escalas de tempos diferentes não se consegue compreender o Sistema Imunitário.

Não será o Sistema Imunitário o único processo evolutivo de ritmo rápido. A maioria dos processos que associamos à singularidade humana, desde o desenvolvimento flexível do cérebro até ao pensamento simbólico e à diversidade cultural reflectem também processos evolutivos de ritmo rápido que se verificaram na arquitectura criada pela evolução genética.
"Evolução Para Todos" de David Slown Wilson

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