AS ORIGENS
DA POPULAÇÃO
BRASILEIRA
(continuação)
Como era de esperar, o estudo da ancestralidade dos brancos brasileiros a partir das características moleculares do ADN mitocondrial mostrou-se bem diversa da que foi encontrada com os marcadores do Y, ou seja, a maioria das linhagens paternas é europeia, enquanto que a maioria das linhagens maternas (mais de 60%) é ameríndia ou africana.
Evidencia-se, assim, um padrão de reprodução assimétrico – homens europeus com mulheres indígenas e africanas, o que está de acordo com o que sabemos sobre o povoamento “pós-descobrimento” do Brasil.
Em 1552, em carta ao rei D. João, o padre Manuel da Nóbrega relata a falta de mulheres brancas no país e pede que elas sejam enviadas, para que os homens se “casem e vivam apartados dos pecados em que agora vivem…”
É certo que a coroa portuguesa permitia os relacionamentos entre portuguesas e índias desde o início da colonização e chegou mesmo a estimular os casamentos deste tipo ao promulgar um Alvará de Lei em 4 de Abril de 1755, da autoria do Marquês de Pombal cuja ideia era povoar o Brasil e garantir a sua ocupação territorial. No entanto, essa política bastante liberal para a época, não abrangia os africanos, apesar de, na prática, os relacionamentos entre portugueses e africanas terem existido e mesmo nas classes mais altas, como se pode ver em algumas novelas históricas.
Dos cálculos efectuados e considerando os 90.647.461 de pessoas classificadas como brancas no censo de 2.000, pode-se concluir haver 28 milhões de afro-descendentes entre os brasileiros autoclassificados como brancos.
Continuando esses cálculos, pode-se estimar que, do censo de 2.000, 61 milhões de brasileiros negros têm linhagens maternas africanas o que somado aos 28 milhões de brasileiros “brancos” que também apresentam linhagens maternas africanas, conclui-se que 89 milhões de pessoas, ou seja, 52% dos brasileiros são afro-descendentes por via materna e esta percentagem é muito superior aos 45% dos brasileiros que se declararam “pretos” ou “mulatos”.
Atentando a esta contribuição materna subsariana no Brasil, ainda hoje é possível identificar no património genético brasileiro de origem subsariana uma proporção considerável de linhagens provenientes da costa leste de África (rondando os 13%), muito mais elevada do que a proporção observada noutras regiões que receberam escravos, como Portugal.
De facto, a costa leste de África, especialmente Moçambique e Madagáscar, aumentou a sua importância como fonte de escravos desde que Portugal perdeu a possessão de Angola para os Holandeses em 1640.
Estes escravos eram principalmente direccionados para as colónias na América e o Caribe porque nessa altura a importação de escravos para a Europa já era muito reduzida, tendo a maioria dos países europeus proibido a entrada de escravos em meados do século XVIII. No entanto, a escravatura continuou para as colónias americanas, começando as pressões abolicionistas a fazer-se notar em inícios do século XIX, com Portugal a abolir o tráfego de escravos definitivamente em 1869 apesar da escravatura ter sido abolida em 1761.
Nas ex-colónias e mesmo no Brasil, para onde se dirigiram mais portugueses, é possível identificar uma maior miscigenação entre homem português e nativas/escravas, da mulher portuguesa e nativos/escravos.
Mas há um caso famoso que foi o do filho mais velho de uma escrava, Sally Hemings, cujo pretenso pai teria sido o Presidente dos Estados Unidos da América, Thomas Jefferson.
As análises ao ADN de pessoas familiares do Presidente e de outras descendentes da escrava, permitem concluir que o filho mais velho de Sally Hemings não podia ter sido gerado por Thomas Jefferson mas poderia ser gerado pelos seus sobrinhos. O filho mais novo de Sally Hemings partilhava a linhagem paterna do Presidente, o que, se não permite afirmar que tenha sido o Presidente a gerá-lo, não o exclui – o Presidente ou qualquer parente masculino poderia ser o pai.
Mas os tempos felizmente mudam – uma linhagem subsariana masculina está, finalmente, à frente da Casa Branca.
Como era de esperar, o estudo da ancestralidade dos brancos brasileiros a partir das características moleculares do ADN mitocondrial mostrou-se bem diversa da que foi encontrada com os marcadores do Y, ou seja, a maioria das linhagens paternas é europeia, enquanto que a maioria das linhagens maternas (mais de 60%) é ameríndia ou africana.
Evidencia-se, assim, um padrão de reprodução assimétrico – homens europeus com mulheres indígenas e africanas, o que está de acordo com o que sabemos sobre o povoamento “pós-descobrimento” do Brasil.
Em 1552, em carta ao rei D. João, o padre Manuel da Nóbrega relata a falta de mulheres brancas no país e pede que elas sejam enviadas, para que os homens se “casem e vivam apartados dos pecados em que agora vivem…”
É certo que a coroa portuguesa permitia os relacionamentos entre portuguesas e índias desde o início da colonização e chegou mesmo a estimular os casamentos deste tipo ao promulgar um Alvará de Lei em 4 de Abril de 1755, da autoria do Marquês de Pombal cuja ideia era povoar o Brasil e garantir a sua ocupação territorial. No entanto, essa política bastante liberal para a época, não abrangia os africanos, apesar de, na prática, os relacionamentos entre portugueses e africanas terem existido e mesmo nas classes mais altas, como se pode ver em algumas novelas históricas.
Dos cálculos efectuados e considerando os 90.647.461 de pessoas classificadas como brancas no censo de 2.000, pode-se concluir haver 28 milhões de afro-descendentes entre os brasileiros autoclassificados como brancos.
Continuando esses cálculos, pode-se estimar que, do censo de 2.000, 61 milhões de brasileiros negros têm linhagens maternas africanas o que somado aos 28 milhões de brasileiros “brancos” que também apresentam linhagens maternas africanas, conclui-se que 89 milhões de pessoas, ou seja, 52% dos brasileiros são afro-descendentes por via materna e esta percentagem é muito superior aos 45% dos brasileiros que se declararam “pretos” ou “mulatos”.
Atentando a esta contribuição materna subsariana no Brasil, ainda hoje é possível identificar no património genético brasileiro de origem subsariana uma proporção considerável de linhagens provenientes da costa leste de África (rondando os 13%), muito mais elevada do que a proporção observada noutras regiões que receberam escravos, como Portugal.
De facto, a costa leste de África, especialmente Moçambique e Madagáscar, aumentou a sua importância como fonte de escravos desde que Portugal perdeu a possessão de Angola para os Holandeses em 1640.
Estes escravos eram principalmente direccionados para as colónias na América e o Caribe porque nessa altura a importação de escravos para a Europa já era muito reduzida, tendo a maioria dos países europeus proibido a entrada de escravos em meados do século XVIII. No entanto, a escravatura continuou para as colónias americanas, começando as pressões abolicionistas a fazer-se notar em inícios do século XIX, com Portugal a abolir o tráfego de escravos definitivamente em 1869 apesar da escravatura ter sido abolida em 1761.
Nas ex-colónias e mesmo no Brasil, para onde se dirigiram mais portugueses, é possível identificar uma maior miscigenação entre homem português e nativas/escravas, da mulher portuguesa e nativos/escravos.
Mas há um caso famoso que foi o do filho mais velho de uma escrava, Sally Hemings, cujo pretenso pai teria sido o Presidente dos Estados Unidos da América, Thomas Jefferson.
As análises ao ADN de pessoas familiares do Presidente e de outras descendentes da escrava, permitem concluir que o filho mais velho de Sally Hemings não podia ter sido gerado por Thomas Jefferson mas poderia ser gerado pelos seus sobrinhos. O filho mais novo de Sally Hemings partilhava a linhagem paterna do Presidente, o que, se não permite afirmar que tenha sido o Presidente a gerá-lo, não o exclui – o Presidente ou qualquer parente masculino poderia ser o pai.
Mas os tempos felizmente mudam – uma linhagem subsariana masculina está, finalmente, à frente da Casa Branca.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home