segunda-feira, junho 28, 2010


DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS

EPISÓDIO Nº 157





- Novidades? Quais? – as amigas excitadas.

- Na linha do amor… Vejo um novo amor… Um caso, uma paixão…

- Com licença… – disse dona Flor, querendo libertar a mão.

Mas seu Aluísio a retinha entre as suas:

- Espere… não acabei… ouça o resto… Um senhor do interior…

Abrupta, dona Flor se ergueu, arrancando sua mão entre as do rábula numa violência.

- Não lhe dei ousadia para tanto…

Saiu da sala numa rabanada, deixando as amigas em espanto, e dona Enaide na maior das ofensas:

- Que manteiga derretida… Me digam: Aluísio fez alguma coisa demais? Foi grosseiro? Uma pilhéria para rir… Não tolero gente assim, metida a besta… Afinal ela pensa que é o quê? Alguma princesa?

Só o notário persistia calmo, a desculpar dona Flor:

- Coitada… Conheço isso, esse nervosismo… É o mal de toda a viúva moça que não encontra novo casamento. O caminho da histeria… As cidades pequenas estão cheias de casos assim… Solteironas e viúvas, por tudo se ofendem, choram, a vida delas é chilique e calundu. Na velhice dão em doidas mansas…

- Olhe que eu também sou viúva, doutor, e termino me ofendendo… - o rábula a considerou com olhar entendido: mulata ainda boa de cascos, bem-feita, corpo rijo, aguentava uns trancos. Doutor Aluísio não era homem de perder tempo; deixando dona Flor para trás, disse:

- Mostre-me sua mão esquerda, por favor: quero tirar uma coisa a limpo…

Tomou a mão de dona Maria do Carmo entre as suas, olhou-a nos olhos com aquele seu olhar de frete grosso:

- Posso dizer a verdade ou devo mentir?

Dona Flor saíra porta fora; Marilda e dona Norma foram encontrá-la em casa lavada em lágrimas, num tal estado de nervosismo, que dona Norma lhe disse, repetindo mestre Aluísio de Pilão Arcado:

- Que é isso, Flor, está ficando histérica?

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