quinta-feira, agosto 05, 2010


ENTREVISTAS


FICCIONADAS COM


JESUS CRISTO


Entrevista Nº 50



TEMA – A VIDA DAS CRIANÇAS NO
TEMPO DE JESUS CRISTO




Raquel – Estamos na Nazaré, onde Jesus Cristo cresceu em idade, em sabedoria e em graça e de onde as Emissoras Latinas o continuam a entrevistar.

- O senhor foi aqui criança. Conte-nos como era a vida das crianças no seu tempo…

Jesus – O que te hei-de dizer, Raquel. Tínhamos de trabalhar desde muito pequenos. Cuidávamos das cabras, das ovelhas, pisávamos uvas, aprendíamos a semear, a moer o grão…

Raquel – Hoje há Convenções Internacionais que falam dos Direitos das Crianças… No seu tempo?

Jesus – No meu tempo nenhum direito, tudo torto. Às crianças as metiam no mesmo saco com os enfermos, os escravos e as mulheres. Os últimos da fila. O único valor dos pequenos era que… um dia seriam grandes.

Raquel – E as meninas?

Jesus – Com elas, pior. As meninas cresciam e… continuavam sem valor. Olha aqueles que estão correndo… ei, meninos, venham cá!

Menina – Os senhores são turistas?

Jesus – Ela é jornalista.

Menino – O meu pai tem uma barba como o senhor…

Jesus – Querem que lhes ofereça um pêlo da minha barba?... Vamos lá ver qual de vocês dois mo consegue arrancar!

Raquel – Parece um pai com seus filhos… o senhor nunca teve filhos? Não quis tê-los?

Jesus – Que árvore não gostará de deixar sementes, Raquel?

Menina – O senhor como se chama?

Jesus – Jesus.

Menina – E ela?

Jesus – Raquel. E tu como te chamas?

Menina – Samira.

Jesus – E tu?

Menino William.

Jesus – Samira e William. Esses nomes não existiam no meu tempo…

Menina – O senhor sabe contar histórias?

Jesus – Histórias?... Eu sei mil histórias e também sei adivinhas.

Raquel – Desculpa, Jesus Cristo, mas voltando ao tema dos seus filhos…

Menina – Ele não se chama Jesus Cristo, chama-se Jesus.

Mãe – Ei, meninos… onde se meteram?... Samira, William, venham, não incomodem esses senhores.

Meninos – Não vai contar-nos uma história?

Jesus – Vão, vão com a vossa mamã… depois voltem que eu conto…

Raquel – Dá-se bem com as crianças, não dá?

Jesus – Sempre gostei de falar com elas. Uma vez uma menina como esta Samira explicou-me como davam à luz as cabras monteses e onde faz o ninho o gavião… É que as crianças não só aprendem, também ensinam… Temos uma chamada… Alô?

Piron – Sou Claude Piron, sociólogo… Tenho estado a ouvir o vosso programa e estou encantado… Passaram dois mil anos e vejo que Jesus Cristo continua sendo o mesmo, um revolucionário.

Raquel – Por que diz isso, senhor Piron?

Piron – Porque é muito recente a ideia de que as crianças são cidadãos. Até ao Século XX eram vistas como animalitos que os adultos tinham que domesticar. Que uma criança tinha valor por si mesma não ocorrera a ninguém. A Jesus Cristo ocorreu.

Raquel – Obrigado ao amigo sociólogo que nos acabou de ligar. Então, pelo que oiço, o senhor adiantou-se ao seu tempo.

Jesus – Melhor, eles é que se atrasaram.

Raquel – Quem é eles?

Jesus – Os do grupo… Recordo-me que uma vez estávamos falando em Cafarnaum e vieram ter connosco umas crianças. Santiago, João e Pedro incomodaram-se. Vão-se embora, estão a estorvar. Aqui falamos de coisas sérias.

Raquel – E o senhor?

Jesus – Eu chamei as crianças. Fiquem aqui, disse-lhes eu. E a Pedro e aos outros adverti-os: os mais pequenos serão os maiores do reino de Deus e se vocês não entenderem isso ficarão de fora.

Raquel – Pois olhe, lá vêm esses dois de novo…

Jesus – Samira e William…

Raquel – Nós despedimo-nos e o senhor, Jesus Cristo, conte a história que lhes prometeu… De Nazaré, Raquel Perez, Emissoras Latinas.



NOTA

Em 1959, a Assembleia-geral das Nações Unidas, aprovou a Declaração dos Direitos das Crianças com 10 Princípios. Em 1989, a O.N.U. ratificou a Convenção sobre os Direitos da Criança a que haviam aderido todos os países menos os E.U.A. e a Somália. Em 1991, criou-se na O.N.U. o Comité dos Direitos da Criança que supervisiona a aplicação em todo o mundo da Convenção. Este Comité envia aos Governos informações periódicas sobre a situação dos Direitos da Criança, lança Iniciativas e faz Recomendações. Em 2002, por exemplo, dinamizou uma campanha global contra os castigos corporais sobre as Crianças.

Apesar das Declarações – Apesar das Declarações, Convenções, Princípios, Códigos e Direitos, a situação das crianças no planeta continua a ser um desafio colossal.

O jornalista espanhol José Manuel Martin Medem construiu um livro estarrecedor: “La Guerra Contra Los Ninos” (Editorial El Viejo Topo, Barcelona, 1998).

O que está descrito nesse livro sobre a violência extrema exercida pelo nosso mundo, dito civilizado, sobre as crianças, meninas e meninos, pela indústria do sexo, em guerras tribais, tráfego de órgãos, abuso sexual no local de trabalho escravo, adopções ilegais, criadas domésticas… é estarrecedor!

Na aparência, a protecção às crianças está avançando… avançam as declarações e as promessas, mas a ajuda mais elementar para a infância continua a ser esta recomendação:

“Não acredites no que te dizem, apenas no que te fazem”.

Claude Piron, psicoterapeuta, linguista suíço, Professor da Universidade, especialista em temas inter-culturais, participa num programa que releva a mensagem e a atitude de Jesus Cristo para com as crianças. Podem ler as ideias de Piron sobre a actualidade dos problemas da criança num texto “Somos Todos Responsáveis pelo drama do Menino-Sol” em www. envio. org. ni.

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