quarta-feira, outubro 20, 2010


DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS

Episódio Nº 248



- Tu já começas com teus modos brutos… Por favor… Vadinho…

Elsa abriu de novo os olhos, e preguiçoso lhe sorriu:

- Tá bom tola. Vou para o quarto… O meu colega já saiu?

- Colega
?

- O teu doutor… Não somos os dois casados contigo, teus maridos?

Colegas de babaca, meu bem… olhava-a com astúcia e impudência.

- Vadinho! Não admito essas pilhérias…

Falara alto e da cozinha veio a voz da empregada:

- Falou comigo, dona Flor?

- Estou dizendo que já vou fazer o cuscuz…

- Não se zangue, meu bem… - disse Vadinho levantando-se.

Estendeu a mão para agarrá-la – o nudez mais indecente! – mas ela fugiu.

- Tu não tem juízo…

No corredor cruzaram-se os dois homens, e, vendo-os passar um pelo outro, dona Flor sentiu ternura pelos dois, tão diferentes mas ambos seus esposos na Igreja e no Juiz. Os “dois colegas” pensou a rir da graça chula. Logo se conteve: Meu Deus, estou ficando cínica que nem Vadinho. Aliás o cúmplice lhe pescava um olho cúmplice, enquanto punha a língua para o doutor, a mão num gesto pornográfico. Dona Flor zangou-se.

Não, não estava direito e ela não podia tolerar tais capadoçagens, esses gracejos porcos, maneiras de moleque, as grosserias e os abusos. Já era tempo de Vadinho se comportar numa casa de respeito.

O doutor, escanhoado, de colete e paletó, novinho em folha:

- Hoje estamos um tanto ou quanto em atraso, querida…

Meu Deus, o cuscuz – correu dona Flor para a cozinha.

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