terça-feira, novembro 16, 2010

DONA
FLOR

E SEUS
DOIS
MARIDOS



Episódio Nº 271


Vadinho respondia zombeteiro:

- Teu marido, esse paspalhão, esse bocó… Só tem tamanho… Que é que ele sabe dessas coisas, esse frouxo?

_ Teodoro não é um ignorante como você, não é um capadócio, é um homem de muito saber…

- Muito saber… Pode ser que para fazer um xarope ele seja uma capacidade… Mas para o que é bom, para a vadiação, ele deve ser a maior toupeira deste mundo… Basta olhar para ele é um capão…

Dona flor encarou Vadinho, nunca ele a vira tão indignada:

- Pois fique sabendo que está muito enganado, quem é que pode saber da capacidade dele senão eu? E eu estou mais que satisfeita… Não sei de homem melhor do que ele. Em tudo e nisso também… Você nem chega aos pés dele…

- Puf! – Fez Vadinho, num ruído desrespeitoso e vulgar.

- Me deixe em paz, não preciso de si para nada… E não me toque nunca mais…

Estava decidida, não lhe permitiria mais intimidades, nem abraços, nem os tais beijos inocentes, nem que junto a ela se estirasse para “conversar melhor”. Era uma mulher honesta, uma esposa séria.

Se você estava tão satisfeita por que me chamou?

- Já te disse que não foi para isso… E já me arrependi de ter chamado…

Depois, sozinha, perguntou-se senão fora por demais grosseira e violenta.

Vadinho ficara escabriado, ofendido, de cabeça baixa. Saíra por aí fora e durante todo o resto do dia ela não o viu. Quando ele viesse na hora do crepúsculo, ela lhe explicaria as suas razões por boas palavras. Cínico e insolente, Vadinho tinha por vezes, no entanto, reacções inesperadas, era capaz de compreender os escrúpulos de dona Flor e de reduzir suas relações aos limites impostos pelo decoro e pela honra.

Todas as tardes, dona Flor, terminadas as tarefas quotidianas e após o banho, envolta em perfumes e talco, deitava-se no leito para uns minutos de repouso. Então, invariavelmente, Vadinho junto a ela se estendia e sobre as mais diversas coisas conversavam (e enquanto conversavam lá ia ele derrubando bastiões, tomando-a contra o seu peito, dobrando-lhe a vontade).

Quando se dispunha a reclamar, ele a distraía falando dos lugares de onde viera, e dona Flor toda curiosa, cheia de perguntas, não tinha forças para proibições:

- E a terra vista de lá, como é, Vadinho?

- É toda azul, meu bem.

Descia-lhe o tentador a mão pela anca ou a levava ao seio, dona Flor querendo saber:

- E Deus, como é?

- Deus é gordo.

- Tira a mão daí, tu está é me embromando…

Vadinho ria, a mão a conter o seio túrgido, o lábio a buscar a boca de dona Flor, como saber se era verdade ou bem mentira
?

Site Meter