domingo, março 27, 2011

HOJE É


DOMINGO


Nesta manhã de Domingo, da mesa do meu Café, na minha cidade de Santarém, sentado habitualmente em frente do jornal, a minha tentação seria falar-vos da “crise política” do meu país com eleições antecipadas e toda a vozearia que elas implicam. Mas não… somos aquilo que somos, temos os políticos que temos, embora me pareça que a selecção dos melhores de nós para o exercício desses cargos não está a acontecer… é certo que eles são ambiciosos, inteligentes, competitivos, corajosos… mas quando pensamos naqueles que gerem os nossos destinos temos direito a esperar e a exigir mais.
Há entre nós uma concepção perversa do poder de que uma vez conquistado “deve” trazer vantagens pessoais para o vencedor, e se não é para ele, directamente, são familiares, amigos e apoiantes. Há que satisfazer todo aquele vasto grupo de indefectíveis que colam cartazes, esperam os líderes agitando bandeiras e estão nas primeiras filas dos comícios batendo palmas e abanando a cabeça em confirmação às palavras do chefe, o chamado clientelismo que nenhum de nós tem a verdadeira noção de até onde vai neste país.
Procuram-se pilares, disputam-se apoios no plano empresarial e financeiro e estabelecem-se com eles relações de cumplicidade. O “político” mistura-se com o mundo dos interesses, os favores são recíprocos, o objectivo sempre o mesmo: a permanência no poder, o enriquecimento…
Que raio, é o futuro dos nossos filhos, dos nossos netos, do nosso país que eles gerem! Para tratar destes assuntos precisamos de pessoas que para além das qualidades já referidas se soberdinem também à ética, às virtudes, sejam pessoas de carácter, intelectualmente honestas e que nos mobilizem, arrebatam, que sejam estadistas e não personalidades cinzentas.
Os partidos são a essência da democracia mas confundir os interesses dos líderes, familiares, amigos e apoiantes com os do país é crime de lesa-pátria.
Temos concerteza entre nós pessoas à altura dessas responsabilidades mas falta-lhes, no entanto, a coragem, não vão à luta porque, na verdade, o exercício do poder em democracia, permanentemente escrutinado, censurado por oposições “ferozes” e insidiosas, com uma comunicação social ávida de “notícias” sensacionalistas, tornam a vida dos governantes terrivelmente desgastante. A propósito, por que razão homens como António Costa (PS) ou Rui Rio (PSD) não assumem a liderança dos seus partidos? Será só uma questão de distracção dos militantes?
É verdade que nos últimos tempos - os doze anos do euro - a governação, o país, nós todos, cedemos ao dinheiro fácil, não fomos prudentes, elegemos o consumo, as grandes obras e as despesas: Centro Cultural de Belém, Expo/98, Estádios de Futebol, Administrações pagas principescamente por centenas de Empresas Públicas e Autárquicas que brotaram como cogumelos, aumentos generalizados de ordenados à Função Pública com fins eleitoralistas, etc... Havia muito dinheiro e crédito… mas agora de nada vale chorar sobre o leite derramado, os nossos credores estão cansados, começam a duvidar seriamente da nossa capacidade em lhes pagar.
Ninguém faz milagres e sendo a situação a que todos já sabemos, face aos maiores sacrifícios que agora vão ser solicitados, temos o direito de esperar que nos olhem nos olhos, nos digam as verdades, nos expliquem tudo bem explicado, que adoptem comportamentos que sirvam de exemplo e nos apontem um caminho, uma solução. Saber como chegámos aqui, e ninguém está inocente nesse processo, só interessa para procurar a porta de saída.
“O nosso maior inimigo somos nós mesmos”, já o dizia Antero de Quental e eu acrescento que somos, igualmente, os nossos melhores e únicos aliados. Se não formos nós a sair das dificuldades ninguém nos tirará delas. Os portugueses têm a obrigação, não só o direito, de serem exigentes e na situação que vivemos muito mais ainda. Pela minha parte, se nenhum dos políticos que vierem a apresentar-se às eleições me satisfizer, entregarei o meu voto em branco. Os partidos têm que se renovar, têm que perceber que o voto em branco é uma reacção de inconformismo não com a política ou a democracia mas com certos políticos.
Desculpem… acabei por falar de política. Bom Domingo a todos.
Para descontrair, ouçamos um bocadinho do Blue Moon pela Orquestra de Billy Vaughn e, já agora, veja como dançam (ele só pode ser o Fred Astaire) … que beleza, que supless!

(clik na imagem. A estátua é do Marquês Sá da Bandeira)

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