TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 80
Na opinião do colector Aírton Amorim, em linguagem científica traduz-se essa mania de variar em impotência: Impotência?
O promotor público Epaminondas Trigo protesta, farto das mistificações de Aírton, cuja diversão preferida era abusar da boa-fé dos amigos, engendrando absurdos:
- Lá vem você com as suas invenções. Para tanta mulher ele precisa de ter uma tesão de jegue, isso sim.
- Não me diga, meu ilustre bacharel, que nunca leu Marañon?
O colector gostava de botar banca, de exibir erudição; Gregório Marañon, sábio espanhol, da Universidade de Madrid; é ele quem afirma e prova, meu emérito – quanto maior o número de mulheres, a variedade de fêmeas, mais frouxo o indivíduo.
- Marañon? – admirou-se Marcos Lemos, o guarda livros da usina – eu conhecia a teoria mas pensava que o autor era Freud. Marañon, tem certeza?
- Tenho o livro na minha estante, se quiser comprovar.
- Broxa assim, comendo e variando, variando e comendo, até eu queria ser. O cara não faz outra coisa se não tirar cabaços e você a classificá-lo de broxa, onde já se viu um absurdo igual? – O promotor não se convence.
Aírton eleva os braços aos céus: santa ignorância! Exactamente por isso, meu caro bacharel com cinco anos de faculdade, exactamente por isso; o indivíduo precisa de trocar de mulher a cada passo para excitar-se, manter-se potente. Sabe você, caríssimo representante da acusação pública quem foi o maior brocha da história? Don Juan, o amante por excelência, o das mil mulheres. Outro frouxo, frouxíssimo: Casanova.
- Essa não, Aírton, nem como paradoxo…
Mas o juiz, não querendo passar por menos culto, afirmou a existência de Marañon e da tese estrambótica; verdadeira ou não, a teoria fora proclamada e discutida. Discutidíssima.
Quanto a Freud o assunto era outro: a teoria dos sonhos e dos complexos e aquela história de Leonardo da Vinci…
- Leonardo da Vinci, o pintor – Doutor Epaminondas o conhecia das palavras cruzadas – Era broxa também?
- Broxa, não, chibungo.
Tema de discussões, impotente ou mestre jegue, á escolha dos contricantes, na fartura de tanta rapariga, o capitão vez por outra pegava-se a uma delas, quase sempre menina nova, ainda nos cueiros – para novamente citar a sábia Veneranda, em assuntos de sexo autoridade tão competente quanto Freud ou Marañon e muito menos controvertida. Ao direito à cama de casal, prova do favor do capitão, privilégio e honra, junte-se a oferta de um vestidinho barato, um par de alpercatas, um brinco, um pedaço de fita, e com isso termina a relação das regalias das preferidas; o capitão não costuma jogar dinheiro fora; desperdícios, prodigalidades, ficavam bem ao meritíssimo juiz, é fácil ser perdulário com o dinheiro alheio.
Nem uma palavra de carinho, uma sombra de ternura, um agrado, uma carícia – apenas maior assiduidade, furor de posse. Acontecia-lhe, nas horas mais extravagantes, fazer um sinal a Tereza – para a cama depressa! – suspender-lhe a saia, despejar-se, inadiável necessidade, mandá-la de volta ao trabalho. (clik na imagem)
O promotor público Epaminondas Trigo protesta, farto das mistificações de Aírton, cuja diversão preferida era abusar da boa-fé dos amigos, engendrando absurdos:
- Lá vem você com as suas invenções. Para tanta mulher ele precisa de ter uma tesão de jegue, isso sim.
- Não me diga, meu ilustre bacharel, que nunca leu Marañon?
O colector gostava de botar banca, de exibir erudição; Gregório Marañon, sábio espanhol, da Universidade de Madrid; é ele quem afirma e prova, meu emérito – quanto maior o número de mulheres, a variedade de fêmeas, mais frouxo o indivíduo.
- Marañon? – admirou-se Marcos Lemos, o guarda livros da usina – eu conhecia a teoria mas pensava que o autor era Freud. Marañon, tem certeza?
- Tenho o livro na minha estante, se quiser comprovar.
- Broxa assim, comendo e variando, variando e comendo, até eu queria ser. O cara não faz outra coisa se não tirar cabaços e você a classificá-lo de broxa, onde já se viu um absurdo igual? – O promotor não se convence.
Aírton eleva os braços aos céus: santa ignorância! Exactamente por isso, meu caro bacharel com cinco anos de faculdade, exactamente por isso; o indivíduo precisa de trocar de mulher a cada passo para excitar-se, manter-se potente. Sabe você, caríssimo representante da acusação pública quem foi o maior brocha da história? Don Juan, o amante por excelência, o das mil mulheres. Outro frouxo, frouxíssimo: Casanova.
- Essa não, Aírton, nem como paradoxo…
Mas o juiz, não querendo passar por menos culto, afirmou a existência de Marañon e da tese estrambótica; verdadeira ou não, a teoria fora proclamada e discutida. Discutidíssima.
Quanto a Freud o assunto era outro: a teoria dos sonhos e dos complexos e aquela história de Leonardo da Vinci…
- Leonardo da Vinci, o pintor – Doutor Epaminondas o conhecia das palavras cruzadas – Era broxa também?
- Broxa, não, chibungo.
Tema de discussões, impotente ou mestre jegue, á escolha dos contricantes, na fartura de tanta rapariga, o capitão vez por outra pegava-se a uma delas, quase sempre menina nova, ainda nos cueiros – para novamente citar a sábia Veneranda, em assuntos de sexo autoridade tão competente quanto Freud ou Marañon e muito menos controvertida. Ao direito à cama de casal, prova do favor do capitão, privilégio e honra, junte-se a oferta de um vestidinho barato, um par de alpercatas, um brinco, um pedaço de fita, e com isso termina a relação das regalias das preferidas; o capitão não costuma jogar dinheiro fora; desperdícios, prodigalidades, ficavam bem ao meritíssimo juiz, é fácil ser perdulário com o dinheiro alheio.
Nem uma palavra de carinho, uma sombra de ternura, um agrado, uma carícia – apenas maior assiduidade, furor de posse. Acontecia-lhe, nas horas mais extravagantes, fazer um sinal a Tereza – para a cama depressa! – suspender-lhe a saia, despejar-se, inadiável necessidade, mandá-la de volta ao trabalho. (clik na imagem)
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