quinta-feira, junho 23, 2011



ENTREVISTA FICCIONSADA


COM JESUS Nº 100 SOB O TEMA:


“DEUS É DO SEXO MASCULINO?”


RAQUEL - No final da tarde na Galileia, após a chuva, o arco-íris atravessa de um lado ao outro o céu recém-lavado. Ao meu lado, Jesus de Nazaré que, dentro de minutos, como estou informada, vai concluir a sua segunda vinda à terra. Uma saudação à nossa audiêcia senhor Jesus.

JESUS – Com todo o gosto, Raquel. Paz a todos os meus irmãos e, especialmente hoje, para as minhas irmãs, as mulheres.

RAQUEL - Por quê essa especialidade?

JESUS – Por aquilo que te vou dizer.

RAQUEL - Quando falamos há alguns dias atrás, a caminho de Magdala, o senhor adiantou-me uma sugestão para tema desta entrevista de encerramento.

JESUS - Sim, eu tenho uma boa notícia que irá encantar a todos os que a vão ouvir.

RAQEL - Bem ... os nossos microfones são seus.

JESUS – Vês este vale, Raquel? Os campos estão prontos para a sementeira, tem chovido bastante. O que vos digo hoje ainda vai encontrar muitos ouvidos fechados mas um dia se abrirão e irão compreender.

RAQUEL - Por que este mistério?

JESUS - Porque vou falar de Deus.

RAQUEL - Mas Deus esteve sempre presente nas nossas entrevistas, certo?

JESUS – E como imaginas esse Deus de que falas?

RAQUEL - Não sei ...

JESUS – Durante muito tempo, Raquel, pensando em Deus, ao rezar-lhe, o imaginávamos como um rei poderoso… um homem velho ... com barbas brancas…

RAQUEL - E não é?

JESUS - Deus não é do sexo masculino, Raquel.

RAQUEL - O quê?

JESUS - Que Deus não é masculino.

RAQUEL - Poderia explicar-me melhor? Eu não entendo o que quer dizer…

JESUS - No meu tempo eu também não entendia. Não conseguia entender. Orava, Abba, Pai Nosso ... e nunca rezava, Imma, Mãe Nossa ... Eu não sabia, mas agora os meus olhos a viram.

RAQUEL - E o que é que vistes, Jesus? ... conta-nos.

JESUS - É uma história muito antiga que temos esquecido…

… Durante séculos e séculos, para todos os povos da terra, Deus era uma mãe. Eles adoravam a Grande Deusa, a Doadora da Vida, a partir da qual tudo nasce e para onde tudo regressa. A Deusa Mãe via-nos da lua. De lá, assistia a tudo. Minguava e morria nas noites para depois reviver e brilhar resplandecente.

Durante séculos, dela eram os animais e a vegetação verde que cobre o mundo. Sua era a festa e a dança, sua era a alegria. Durante séculos, para todos os povos o Deus da Terra era uma mulher.

Mas chegou o tempo da ganância e de deuses guerreiros que impuseram o medo e exigiram sacrifícios, eles ocultaram-na, esconderam-na, suplantaram-na, quiseram matá-la. E até hoje, esses deuses varões governam os céus.

RAQUEL - Mas o Deus que o senhor pregava há dois mil anos atrás era um Deus de amor e compaixão.

JESUS - Sim, era um bom pai, mas varão… E é hora de emendar o erro: quando Deus é visto como masculino, os homens se vêem a si próprios como deuses. Mandam, decidem fazer a guerra. Acredita em mim, Raquel, outro deus é possível. Este Deus de que nós temos falado em todos estes dias não é um rei ou um juiz ou um barbudo velho.

RAQUEL - Então ... Deus é uma mulher? É Isso que nos queres dizer?

JESUS - Não, Deus não é nem homem nem mulher. Ninguém jamais viu Deus. Como nomeá-lo? Em que palavra ele caberia?

Mas chega a hora e já estamos nela, quando a sua ternura de mãe brilhar novamente.

RAQUEL - E tudo isso ... por que o diz a mim?

JESUS – Porque tu o podes entender. Há dois mil anos atrás foram as mulheres que anunciaram a boa notícia de que eu estava vivo. Agora, compete-vos a vocês darem a boa notícia que Deus tem rosto feminino.

RAQUEL - Mas eu ... espere ...

JESUS - Que estás fazendo, Raquel?

RAQUEL – Nada, batendo-me, beliscando-me, acordando...

JESUS - Acordando?

RACHEL - Não sei, talvez eu esteja sonhando ... Talvez o senhor nunca tenha vindo, nem ido, nem eu tenha falado consigo e o senhor comigo… e, nestes dias, tudo não tenha passado de uma miragem…

JESUS - Por que dizes isso?

RAQUEL - Porque isto que me dizes agora e me disseste durante as entrevistas ... é muito bom, demasiado alegre para ser verdade.

JESUS – O mesmo pensava Maria quando regressava do sepulcro… vou já, Raquel. Deixo em tuas mãos esta pedra preciosa. Transmite-a.

RACHEL - Transmito-a?

JESUS - Sim, passa-a aos teus ouvintes.

RAQUEL – Fá-lo-ei... Adeus, Mestre. Agora deixe-me chamar-lhe assim.

JESUS - Adeus, Raquel! ... Podemo-nos encontrar numa terceira vinda… adeus…adeus.

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