domingo, agosto 07, 2011

HOJE É



DOMINGO


(Da Minha Cidade De Santarém)

Mais uma vez, da mesa do meu Café nesta manhã de Agosto de um Verão que de tão arrependido nos tem poupado aos incêndios, lembrei-me de Manoel de Oliveira, o nosso já centenário realizador cinematográfico que apesar da idade que tem ainda alimenta projectos de trabalho para o futuro e daí ter desabafado:

- “Em casa sobra-me espaço e na vida falta-me tempo” e eu acrescentaria… se calhar Deus é o Tempo. É verdade, se eu tivesse que indicar uma qualquer entidade que correspondesse ao conceito de Deus, no sentido de gerador da vida, essa entidade, para mim, só poderia ser o Tempo porque de facto foi ele que a gerou com a sua infinita paciência a partir dos elementos que existem no universo.

O grande cientista e Prémio Nobel, Richard Dawkins, no seu livro “O Gene Egoísta", apresenta uma explicação idêntica à de muitos cientistas nesta área. Uma molécula, há biliões de anos atrás, adquiriu a extraordinária capacidade de fazer cópias de si própria, proeza tão improvável como a de sair a qualquer um de nós o Jackpot do Euromilhões mas que aconteceu pela mesma razão que também a nós nos sairia o desejado prémio, até mais que uma vez, se preenchessemos o respectivo Boletim todas as semanas durante 100 milhões de anos.



Denominou-se a molécula de Replicador e constitui-se, por essa “habilidade”, no clik para o despertar da vida que o Tempo permitiu que de formas muito simples e primárias chegasse àquilo que nós hoje somos… a lutar contra a falta do Tempo, o tempo que falta ao Manoel de Oliveira e que eu percebo que me vai faltando a mim.

Ironia da vida, o mesmo Tempo que paciente e teimosamente levou biliões de anos para nos trazer ao local onde estamos, concede-nos agora um breve “piscar de olhos” para provarmos da sua receita.

Sábio, persistente e inflexível como só ele é, não se detém. Há muito que o clik ficou lá para trás e ele não pode parar, esse é o seu segredo.
Incrédulo e perplexo, Charles Darwin, percebeu-o quando viu conchinhas do mar no cimo das montanhas na América do Sul a mais de três mil metros de altitude sem que ninguém as tivesse levado para lá.

Mas, de que tempo estamos a falar? Do Tempo que levaram as conchas a chegar ao cimo dos montes ou do tempo que falta ao Manoel de Oliveira, me vai faltando a mim e um pouco a todos nós?

O Tempo… o tempo… chave da vida! - vergo-me perante ti, agradeço-te a oportunidade mas não te perdoou não me teres avisado que ela era tão breve.

Bom Domingo para todos.

(Imagem da Estátua do Capitão Salgueiro Maia em Santarém)

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