TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 204
25
Puxa! Como aquele sujeito é parecido com o doutor Emiliano Guedes, nem que fossem gémeos… Admirou-se Valério Gama, comerciante de Itabuna, emigrado de Estância rapazola, voltando quarentão e abastado a visitar parentes.
Não é gémeo é o próprio, passeando com a excelentíssima rapariga – esclareceu prima Dada, em dia com os assuntos locais, língua destemida: - O doutor há vários anos, mantém amásia aqui, uma honra para a nossa cidade…
- Não brinque…
- Nunca ouviu dizer, primo, que as águas do Piauitinga são milagrosas para restaurar as forças? Velho aqui vira homem novo. – língua em sotaque de deboche, mas sem má vontade; em Estância, cidade hospitaleira e cúmplice, até mesmo as velhas beatas contemplam amores e amantes com condescendência.
O grapiúna tocou-se em passadas largas para tirar a limpo a informação da xereta, inacreditável! O doutor e Tereza subiam a rua em passo lento, desfrutando a brisa da tarde. Ao defrontá-los o comerciante abriu a boca: por Deus, a prima não inventara, tratava-se do doutor Emiliano Guedes e não de um sósia, acompanhado de mulher nova, de apetite, a la vonté nas ruas de Estância. Boquiaberto e confuso levou a mão ao chapéu para saudar o banqueiro. O doutor correspondeu ao cumprimento:
- Boa tarde Valério Gama, revendo a terra? – Emiliano guardava para sempre a fisionomia e o nome das pessoas com quem tivera qualquer espécie de relação; Valério era cliente do Banco.
- Sim, seu doutor, aqui e lá um servidor.
Abobalhado provocando sorriso e comentário de Tereza:
- Parece que viu assombração…
- A assombração sou eu. Valério até agora só me encontrou no Banco, engravatado, discutindo negócios, de repente dá de cara comigo em Estância, a flanar na rua, de camisa desportiva, junto a uma beleza de mulher, é surpresa demais mesmo para um comerciante de Itabuna. Quando chegar lá vai ter o que contar.
Talvez fosse melhor o senhor não se mostrar tanto comigo…
- Não seja tola, Favo de Mel. Não me disponho a abrir mão do prazer de passear com você devido ao comentário de a ou bê. Não me interessa nem me atinge. Tudo não passa, Tereza, de inveja porque você é minha. Se eu quisesse matar de inveja a meio-mundo, levaria você comigo à Bahia, ao Rio, aí, sim, ia ser um falatório. – Riu, abanou a cabeça: - Mas sou demasiado egoísta para sair exibindo exibindo o que realmente prezo, pessoas ou objectos. Eu os quero para mim somente.
Deu a mão a Tereza para ajudá-la a descer a calçada.
- No fundo cometo uma injustiça com você, lhe tendo aqui em Estância, isolada, entre os muros do chalé, quase uma prisioneira. Não é verdade Tereza?
- Aqui tenho tudo quanto quero, sou feliz.
Levá-la mundo afora em exibição? Pelo amor de Deus, não, doutor! (clik na imagem e aumente)
Não é gémeo é o próprio, passeando com a excelentíssima rapariga – esclareceu prima Dada, em dia com os assuntos locais, língua destemida: - O doutor há vários anos, mantém amásia aqui, uma honra para a nossa cidade…
- Não brinque…
- Nunca ouviu dizer, primo, que as águas do Piauitinga são milagrosas para restaurar as forças? Velho aqui vira homem novo. – língua em sotaque de deboche, mas sem má vontade; em Estância, cidade hospitaleira e cúmplice, até mesmo as velhas beatas contemplam amores e amantes com condescendência.
O grapiúna tocou-se em passadas largas para tirar a limpo a informação da xereta, inacreditável! O doutor e Tereza subiam a rua em passo lento, desfrutando a brisa da tarde. Ao defrontá-los o comerciante abriu a boca: por Deus, a prima não inventara, tratava-se do doutor Emiliano Guedes e não de um sósia, acompanhado de mulher nova, de apetite, a la vonté nas ruas de Estância. Boquiaberto e confuso levou a mão ao chapéu para saudar o banqueiro. O doutor correspondeu ao cumprimento:
- Boa tarde Valério Gama, revendo a terra? – Emiliano guardava para sempre a fisionomia e o nome das pessoas com quem tivera qualquer espécie de relação; Valério era cliente do Banco.
- Sim, seu doutor, aqui e lá um servidor.
Abobalhado provocando sorriso e comentário de Tereza:
- Parece que viu assombração…
- A assombração sou eu. Valério até agora só me encontrou no Banco, engravatado, discutindo negócios, de repente dá de cara comigo em Estância, a flanar na rua, de camisa desportiva, junto a uma beleza de mulher, é surpresa demais mesmo para um comerciante de Itabuna. Quando chegar lá vai ter o que contar.
Talvez fosse melhor o senhor não se mostrar tanto comigo…
- Não seja tola, Favo de Mel. Não me disponho a abrir mão do prazer de passear com você devido ao comentário de a ou bê. Não me interessa nem me atinge. Tudo não passa, Tereza, de inveja porque você é minha. Se eu quisesse matar de inveja a meio-mundo, levaria você comigo à Bahia, ao Rio, aí, sim, ia ser um falatório. – Riu, abanou a cabeça: - Mas sou demasiado egoísta para sair exibindo exibindo o que realmente prezo, pessoas ou objectos. Eu os quero para mim somente.
Deu a mão a Tereza para ajudá-la a descer a calçada.
- No fundo cometo uma injustiça com você, lhe tendo aqui em Estância, isolada, entre os muros do chalé, quase uma prisioneira. Não é verdade Tereza?
- Aqui tenho tudo quanto quero, sou feliz.
Levá-la mundo afora em exibição? Pelo amor de Deus, não, doutor! (clik na imagem e aumente)
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