TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 281
Antes ele dissera: estatueta de Tanagra, Gioconda enigmática; ao tê-la nua nos braços sussurrou-lhe aos ouvidos: Josefina, minha Josefina!
- Porquê Josefina? Nome mais feio, virgem!
- Não sou o teu Napoleão, teu Bonaparte? Não era ele casado com Josefina?
- Prefiro ser Maria Antonieta.
- Historicamente errado, querida, pois Maria…
- Que me importa? – cerrou-lhe a boca com um beijo, um chupão daqueles.
Nem Josefina, nem Maria Antonieta, se o bacharel Cotias tivesse ânimo, lhe diria agora: Messalina. Tarde de tredo enlevo, de feroz metida: Bada era uma fúria, um desatino, o delegado teve de esforçar-se ao máximo para se manter à altura da situação. Cármen, a esposa, née Sardinha, carácter áspero, quando o sentia interessado numa mulher lhe dizia com desdém:
- Veja como se comporta, não vá fazer feio e me deixar em ridículo.
Aquilo o perturbava, tornando tudo difícil, aliás, não era outro, com certeza, o objectivo de Cármen. Com Bada, felizmente dera conta do recado. Vaca insaciável, dissoluta. Querendo saber dos particulares da zona, não só do conflito da véspera, da triunfal acção de Hélio, mas também da intimidade das marafonas, como elas são e agem. Ah! Tenho tanta vontade de visitar um bordel! Morde os lábios, atraca-se ao delegado e na hora final pede aos soluços:
- Me chame de puta, me xingue, me bata, meu polícia!
O apartamento fica no alto da Gamboa, pela janela dos fundos o delegado, exausto, coberto de suor, fumando um cigarro, ouvindo uma melodia de uma canção italiana, enxerga os três navios fundeados no porto.
Antes de vir ao encontro de Bada, o bacharel Cotias, no cumprimento do dever, passara pela Especializada, onde o comissário Labão lhe informou estar tudo na mais perfeita ordem: os marinheiros desembarcariam no fim da tarde ou no começo da noite, o policiamento da zona já estava organizado, a polícia militar reforçando a polícia civil para impedir qualquer arruaça.
Quanto às caftinas da Barroquinha, persistem insolentes na recusa às determinações de mudança de residência. O que vai decidi-las é uma boa tunda, muita porrada em todas elas.
Pela madrugada, quando o movimento na zona terminar. Por ora elas vão tomando uns bolos e passando fome. Um pouco de paciência, doutor, e as ruínas do Bacalhau estarão alugadas a bom preço. Ri o comissário na cara do delegado, pondo-lhe aqueles olhos impiedosos. Um criminoso, pensa o gentleman da polícia: que deseja insinuar falando no aluguer dos sobrados? Quem sabe, a firma devia ter molhado o bico do comissário?
Bada fecha a torneira, cessa o ruído do chuveiro. Coberta de pingos de água, uma gota no bico do seio esquerdo, os olhos postos no amante, dirige-se para ele. No rádio, a música é subitamente interrompida e a voz do locutor se faz ouvir após o prefixo marcial dos noticiários: “Atenção! Muita atenção!”
Na cama, indiferente ao pedido urgente de atenção, Bada atira-se sobre Hélio. No beijo ávido o bacharel ouve o locutor:
“A situação no meretrício preocupa as autoridades. O desembarque dos marinheiros está confirmado para as vinte horas no cais da Praça de Cayru e até ao momento os bordéis estão fechados ".
(click na imagem)
- Porquê Josefina? Nome mais feio, virgem!
- Não sou o teu Napoleão, teu Bonaparte? Não era ele casado com Josefina?
- Prefiro ser Maria Antonieta.
- Historicamente errado, querida, pois Maria…
- Que me importa? – cerrou-lhe a boca com um beijo, um chupão daqueles.
Nem Josefina, nem Maria Antonieta, se o bacharel Cotias tivesse ânimo, lhe diria agora: Messalina. Tarde de tredo enlevo, de feroz metida: Bada era uma fúria, um desatino, o delegado teve de esforçar-se ao máximo para se manter à altura da situação. Cármen, a esposa, née Sardinha, carácter áspero, quando o sentia interessado numa mulher lhe dizia com desdém:
- Veja como se comporta, não vá fazer feio e me deixar em ridículo.
Aquilo o perturbava, tornando tudo difícil, aliás, não era outro, com certeza, o objectivo de Cármen. Com Bada, felizmente dera conta do recado. Vaca insaciável, dissoluta. Querendo saber dos particulares da zona, não só do conflito da véspera, da triunfal acção de Hélio, mas também da intimidade das marafonas, como elas são e agem. Ah! Tenho tanta vontade de visitar um bordel! Morde os lábios, atraca-se ao delegado e na hora final pede aos soluços:
- Me chame de puta, me xingue, me bata, meu polícia!
O apartamento fica no alto da Gamboa, pela janela dos fundos o delegado, exausto, coberto de suor, fumando um cigarro, ouvindo uma melodia de uma canção italiana, enxerga os três navios fundeados no porto.
Antes de vir ao encontro de Bada, o bacharel Cotias, no cumprimento do dever, passara pela Especializada, onde o comissário Labão lhe informou estar tudo na mais perfeita ordem: os marinheiros desembarcariam no fim da tarde ou no começo da noite, o policiamento da zona já estava organizado, a polícia militar reforçando a polícia civil para impedir qualquer arruaça.
Quanto às caftinas da Barroquinha, persistem insolentes na recusa às determinações de mudança de residência. O que vai decidi-las é uma boa tunda, muita porrada em todas elas.
Pela madrugada, quando o movimento na zona terminar. Por ora elas vão tomando uns bolos e passando fome. Um pouco de paciência, doutor, e as ruínas do Bacalhau estarão alugadas a bom preço. Ri o comissário na cara do delegado, pondo-lhe aqueles olhos impiedosos. Um criminoso, pensa o gentleman da polícia: que deseja insinuar falando no aluguer dos sobrados? Quem sabe, a firma devia ter molhado o bico do comissário?
Bada fecha a torneira, cessa o ruído do chuveiro. Coberta de pingos de água, uma gota no bico do seio esquerdo, os olhos postos no amante, dirige-se para ele. No rádio, a música é subitamente interrompida e a voz do locutor se faz ouvir após o prefixo marcial dos noticiários: “Atenção! Muita atenção!”
Na cama, indiferente ao pedido urgente de atenção, Bada atira-se sobre Hélio. No beijo ávido o bacharel ouve o locutor:
“A situação no meretrício preocupa as autoridades. O desembarque dos marinheiros está confirmado para as vinte horas no cais da Praça de Cayru e até ao momento os bordéis estão fechados ".
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