sábado, abril 28, 2012


Uma ilha de Lixo


Por Eduardo Gazola

Não sei quantos de vocês já ouviram falar disto.
O fato é lamentável. Faz tempo que quero falar a este respeito mas não tive tempo de pesquisar para escrever algo mais palpável sobre o assunto.

Existe uma ilha de lixo próximo ao Japão. Esse lixo acumulou-se ali porque as correntes marítimas ali os acumularam. Alguém atirou ao mar uma latinha de Coca-Cola no Caribe e tempos depois essa latinha encontrou suas “primas” lá na Pacific Vortex como é chamada a ilha de lixo do Oceano Pacífico.

Aquela garrafinha que você atira para a rua pela janela do seu carro, é levada pela chuva às sarjetas, aos rios e finalmente ao mar; Do mar ela vai encontrar o seu caminho para juntar-se ao Pacific Vortex e assim se forma um Lixão no meio do Oceano Pacífico.

Entre o litoral da Califórnia e o Havai, uma área enorme ganhou um triste apelido: o Lixão do Pacífico. Levadas pela corrente marítima, toneladas e toneladas de sujeira, produzidas pelo homem, acumulam-se num lugar que já foi, em tempos, um paraíso.

Um oceano de plástico, uma sopa intragável, de tamanho incerto a aproximadamente 1.600 quilómetros da costa entre a Califórnia e o Havai. 3,5 milhões de quilómetros quadrados, seis vezes maior do que a França, 22.000 quilómetros de circunferência e, segundo estimativas, maior do que a soma de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás.

Charles Moore viajava pelo Pacífico, entre o Havai e a Califórnia, quando resolveu arriscar um novo caminho.

"Foi perturbador, dia após dia não via uma única área onde não houvesse lixo. E tão distante do continente, lembra o capitão.

Como um descobridor nos tempos das Navegações, Charles Moore, foi o primeiro a detectar a massa de lixo e baptizou o lugar de Lixão do Pacífico.

 Primeiro, viu pedaços grandes de plástico, muitos deles transformados em casa para os mariscos. Depois, quando aprofundou a pesquisa, o capitão descobriu que as águas-vivas estavam-se enrolando em nylon e engolindo pedaços de plástico. O albatroz tinha um emaranhado de fios dentro do corpo.

"Antes não havia plástico no mar, tudo era comida. Então, os animais aprenderam a comer qualquer coisa que encontram pela frente. Pode ver-se que “eles tentaram comer um pedaço de embalagem mas não conseguiram, diz o capitão.

Com uma peneira na popa, o capitão e a sua equipe filtraram a sopa de plástico e fizeram medições. Já descobriram, por exemplo, que 27% do lixo vem de sacos de supermercado. Numa análise feita com 670 peixes, encontraram quase 1.400 fragmentos de plástico.

São informações valiosas, fonte de pesquisa e argumentos para a grande denúncia de Charles Moore:   

- "Gostaria que o mundo inteiro percebesse que o tipo de vida que estamos levando, atirando tudo fora, usando tantos produtos descartáveis, está a matar-nos. Temos que mudar, se quisermos sobreviver."

Um gesto despreocupado, uma simples garrafa de plástico esquecida numa praia da Califórnia. Muitas vezes ela é devolvida pelas ondas e recolhida pelas equipas de limpeza das praias, mas grande parte do material plástico que é produzido nessa região acaba embarcando numa longa e triste viagem pelo Oceano Pacifico.

O plástico jogado nas ruas é varrido pela chuva, entra nas galerias fluviais das cidades e chega até o mar; ou vem de rios poluídos que desembocam no Oceano.

No caminho, os dejectos do continente juntam-se ao lixo das embarcações e viajam até uma região conhecida como o Giro do Pacífico Norte. Diversas correntes marítimas que passam nas margens da Ásia e da América do Norte acabam formando um enorme redemoinho feito de água, vida marinha e plástico.

Mas, uma ou outra vez, uma tempestade, um vento forte e parte do lixo viaja para fora da sopa, até uma praia distante.

Estamos numa praia linda e deserta de uma região praticamente desabitada do Havaí. Não era para ser um paraíso ecológico? Mas Kamilo Beach recebe tantos dejectos marítimos que acabou virando um lixão a céu aberto. Basta procurar um pouquinho para entender a origem de todo o plástico que chega até a praia: uma embalagem com caracteres chineses. Uma bóia de pescadores provavelmente vinda do Japão. Um pouco mais adiante, há o pedaço de um tanque de plástico com ideogramas coreanos.

“O que acontece, é que as toxinas estão-se acumulando ao longo da cadeia alimentar e os predadores do topo da cadeia, que somos nós, estamos comendo plástico também”, alerta Suzanne Frazer.


Estudiosos do instituto francês Ocean Scientific Logistic (OSL) acreditam que os oceanos da Terra já estejam entupidos com algumas dezenas de milhões de toneladas de entulho boiando. O Atlântico Sul – que banha o litoral do Brasil – é um deles. Há exatamente um ano, jornalistas e pesquisadores brasileiros já haviam detectado grandes manchas de lixo próximo da ilha Ascensão, localizada no meio do Atlântico, entre a costa do nordeste brasileiro e o norte da África.
A continuar como estamos, quem sabe teremos uma grande ilha de plástico em nosso litoral no próximo verão. Se não a quisermos por perto será preciso colocar em prática urgentemente a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), acabar com os lixões, incrementar a reciclagem, nos tornar consumidores conscientes.


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