segunda-feira, maio 28, 2012


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 109



Desatou o nó, Nacib a percorria com os olhos, ela estendeu sorrindo o vestido sobre o corpo, acariciou-o com a mão:

 - Bonito…

Espiou os chinelos baratos. Nacib arfava.

 - O moço é tão bom…

O desejo subia no peito de Nacib, apertava-lhe a garganta. Seus olhos se escureciam, o perfume de cravo o tonteava, ela tomava do vestido para melhor o ver, sua nudez cândida ressurgia.

 - Bonito… Fiquei acordada pró moço me dizer a comida de amanhã. Ficou tarde, vim deitar…

 - Tive muito trabalho. – As palavras saíam-lhe a custo.

 - Coitadinho… Não tá cansado?

Dobrava o vestido, colocava os chinelos no chão.

Me dê penduro no prego.

Sua mão tocou a mão de Gabriela; ela riu:

 - Mão mais fria…

Ele não pôde mais segurou-lhe o braço, a outra mão procurou o seio crescendo ao luar. Ela o puxou para si: moço bonito…

O perfume de cravo enchia o quarto, um calor vinha do corpo de Gabriela, envolveu Nacib, queimava-lhe a pele, o luar morria na cama. Num sussurro entre beijos, a voz de Gabriela agonizava.

 - Moço bonito…


SEGUNDA PARTE

ALEGRIAS E TRISTEZAS DE UMA FILHA DO POVO NAS RUAS DE ILHÉUS, DA COZINHA AO ALTAR (ALIÁS, ALTAR NÃO HOUVE DEVIDO A COMPLICAÇÔES RELIGIOSAS), QUANDO CORRIA FARTO O DINHEIRO E TRANSFORMAVA-SE A VIDA – COM CASAMENTOS E DESCASAMENTOS, SUSPIROS DE AMOR E UIVOS DE CIÚME, TRAIÇÕES POLÌTICAS E CONFERÊNCIAS LITERÁRIAS, ATENTADOS, FUGAS, JORNAIS EM CHAMAS, LUTA ELEITORAL E O FIM DA SOLIDÃO, CAPOEIRISTAS E «CHEFE DE CUISINE» CALOR E FESTAS DE FIM DE ANO, TERNO DE PASTORINHAS E CIRCO MAMBEMBE, QUERMESSE E ESCAFANDRISTAS, MULHERES DESEMBARCANDO A CADA NAVIO, JAGUNÇOS NOS ÚLTIMOS TIROS, COM OS GRANDES CARGUEIROS NO PORTO E A LEI DERROTADA, COM UMA FLOR E UMA ESTRELA


Ou



GABRIELA CRAVO E CANELA





CAPÍTULO TERCEIRO


O segredo de Malvina


(Nascida para um grande destino, presa em seu jardim)

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