CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 109
Desatou o nó, Nacib a percorria com os olhos, ela
estendeu sorrindo o vestido sobre o corpo, acariciou-o com a mão:
- Bonito…
Espiou os chinelos baratos. Nacib arfava.
- O moço é tão
bom…
O desejo subia no peito de Nacib, apertava-lhe a
garganta. Seus olhos se escureciam, o perfume de cravo o tonteava, ela tomava
do vestido para melhor o ver, sua nudez cândida ressurgia.
- Bonito…
Fiquei acordada pró moço me dizer a comida de amanhã. Ficou tarde, vim deitar…
- Tive muito
trabalho. – As palavras saíam-lhe a custo.
- Coitadinho…
Não tá cansado?
Dobrava o vestido, colocava os chinelos no chão.
Me dê penduro no prego.
Sua mão tocou a mão de Gabriela; ela riu:
- Mão mais
fria…
Ele não pôde mais segurou-lhe o braço, a outra mão
procurou o seio crescendo ao luar. Ela o puxou para si: moço bonito…
O perfume de cravo enchia o quarto, um calor vinha do
corpo de Gabriela, envolveu Nacib, queimava-lhe a pele, o luar morria na cama.
Num sussurro entre beijos, a voz de Gabriela agonizava.
- Moço bonito…
SEGUNDA PARTE
ALEGRIAS E TRISTEZAS DE UMA FILHA DO
POVO NAS RUAS DE ILHÉUS, DA COZINHA AO ALTAR (ALIÁS, ALTAR NÃO HOUVE DEVIDO A
COMPLICAÇÔES RELIGIOSAS), QUANDO CORRIA FARTO O DINHEIRO E TRANSFORMAVA-SE A VIDA
– COM CASAMENTOS E DESCASAMENTOS, SUSPIROS DE AMOR E UIVOS DE CIÚME, TRAIÇÕES
POLÌTICAS E CONFERÊNCIAS LITERÁRIAS, ATENTADOS, FUGAS, JORNAIS EM CHAMAS, LUTA
ELEITORAL E O FIM DA SOLIDÃO, CAPOEIRISTAS E «CHEFE DE CUISINE» CALOR E FESTAS
DE FIM DE ANO, TERNO DE PASTORINHAS E CIRCO MAMBEMBE, QUERMESSE E
ESCAFANDRISTAS, MULHERES DESEMBARCANDO A CADA NAVIO, JAGUNÇOS NOS ÚLTIMOS
TIROS, COM OS GRANDES CARGUEIROS NO PORTO E A LEI DERROTADA, COM UMA FLOR E UMA
ESTRELA
Ou
GABRIELA CRAVO E CANELA
CAPÍTULO TERCEIRO
O segredo de Malvina
(Nascida para um grande destino, presa em seu jardim)
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