CRAVO
E
E
CANELA
Episódio nº 92
Se Olga deixasse, bem que seria assim.
Mas basta que a pobre tenha cara de gente e vai para o meio da rua com
desaforos
-
D. Olga não é de brincadeira. E faz bem, você só mesmo de rédea curta.
Tonico Bastos faz um gesto de falsa
modéstia:
-
Também não exagere, homem. Quem lhe visse falar…
Mundinho Falcão chegava com o coronel
Ribeirinho, sentavam-se com o Capitão.
-
E o Doutor?
-
Não vem nunca ao cabaré. Nem à força.
Nhô-Galo aproximou-se de Nacib:
-
Largou a zinha para Ezequi el?
-
Hoje quero é dormir.
-
Pois eu vou a casa de Zilda. Me disseram que tem uma pernanbucana, um pancadão
– Estalava a língua – Talvez apareça por aqui …
-
Uma de tranças?
-
Isso de bunda grande…
-
Tá no Trianon. Toda a noite tá lá… esclareceu Tonico – É protegida do coronel
Melk, ele a trouxe da Bahia. Tá de beiço caído…
-
O coronel foi hoje para a fazenda. Vi quando embarcou – informou Nacib – Tava
contratando trabalhadores no “mercado de escravos”.
-
Me toco para o Trianon…
-
Antes da dançarina?
-
Logo depois.
O Bataclan e o Trianon eram os
principais cabarés da cidade de Ilhéus, frequentados pelos exportadores,
fazendeiros, comerciantes, viajante de grandes firmas. Mas nas ruas do de canto
havia outros, onde se misturavam trabalhadores do porto, gente vinda das roças,
as mulheres mais baratas. O jogo era franco em todos eles garantindo os lucros.
Uma pequena orquestra animava as danças.
Tonico foi tirar uma mulher, Nhô-Galo olhava o relógio, já era hora da dançarina,
ele estava impaciente. Queria ir ao Trianon ver a de tranças, a do coronel
Melk.
Era quase uma da manhã quando a
orquestra cessou e as luzes se apagaram. Ficaram apenas umas pequenas umas
pequenas luzes azuis, da sala de jogo veio muita gente, espalhando-se pelas
mesas, outros de pé junto às portas.
Anabela surgiu dos fundos, enormes
leques de penas nas mãos. Os leques a cobriam e descobriam, mostravam pedaços
do corpo.
O Príncipe, de smoking, martelava o
piano. Anabela dançava no meio da sala, sorrindo para as mesas. Foi um sucesso.
O coronel Ribeirinho pedia bis, aplaudia de pé.
As luzes voltavam a se acender. Anabela
agradecia as palmas, vestida com uma malha cor de carne.
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