Texto de José Mário Silva
SAMUEL
BEKETT – (1906 – 1989)
“Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor”(Pioravante
Marche). Eis uma citação do autor de Dias Felizes que se tornou um lema para muita
gente e que resume uma ética transversal a toda a obra do escritor irlandês,
vencedor do Prémio Nobel em 1969. Tanto nas peças de teatro como nas narrativas
(romances e novelas), Beckett questionou, desmontou e eliminou as convenções
realistas, abdicando de elementos como o enredo ou as
noções precisas de tempo e espaço. À medida que
envelhecia, as suas obras, escritas quer em inglês quer em francês, foram tendendo
para uma rarefacção cada vez maior, até ao ponto de se transformarem em abstractos
exercícios de linguagem. O seu experimentalismo antecipou várias correntes pós-modernas
e são muitos os autores que reconhecem a sua herança, dos poetas da Beat Generation
a John Banville ou Harold Pinter.
O Que Nos Ensinou:
a capacidade de fazer dos excluídos
(vagabundos, mulheres presas na areia, velhos decrépitos) arautos
dos abismos da condição humana.
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