CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 126
É verdade que o padre Cecílio, com sua
magreza e seu ar místico, reprovara-lhes o gesto. O padre Basílio, ao saber,
comentara:
-
Cecílio é um pernóstico, gosta mais das penas do Inferno que dos gozos do Céu.
Não se importem, minhas filhas, eu as absolvo.
Em torno do pai desconsolado e activo
iam o Dr. Ezequi el, o Capitão,
Nhô-Galo, o próprio Mundinho Falcão. Não fora ele quase vizinho do dentista,
seu companheiro nos banhos de mar? Coroas mortuárias as que haviam faltado no
enterro: flores em profusão, as que haviam recusado ao esqui fe.
Mármore mortuário cobria agora a cova
rasa, uma inscrição com o nome de Osmundo, data de nascimento e morte e, para
que o crime não fosse esquecido, duas palavras gravadas a buril: «Covardemente
Assassinado».
O Dr. Ezequi el
começara a agitar o caso. Requerera a prisão preventiva do fazendeiro, o Juiz
recusou, ele apelara para o Tribunal da Baía, onde o recurso esperava
julgamento. Diziam ter-lhe o pai de Osmundo prometido cinquenta contos de réis,
uma fortuna!, se ele conseguisse botar o coronel na cadeia.
Pouco duraram os comentários sobre
Jesuíno Mendonça. A sensação do dia era o engenheiro. Ezequi el
não conseguira transmitir ao auditório sua indignação bem paga, terminou também
ele na conversa sobre o caso da barra e suas consequências:
-
Bem feito para quebrar o topete desse velho jagunço.
-
Não me diga que você também vai apoiar Mundinho Falcão? – perguntou João
Fulgêncio.
-
E o que me impede? – replicava o advogado.
-
Acompanhei os Bastos um ror de tempo, advoguei várias causas para eles e que
recompensa tive? A eleição para conselheiro? Com eles ou sem eles me elejo
quantas vezes qui ser. Na hora de
escolher o presidente do Conselho Municipal preferiram Melk Tavares, analfabeto
de pai e mãe. Isso que meu nome já estava falado, era coisa assente.
-
E faz muito bem – a voz fanhosa de Nhô-Galo – Mundinho Falcão tem outra
mentalidade. Com ele no governo muita coisa vai mudar em Ilhéus. Se eu fosse
homem de influência, estava nessa panela…
Nacib comentou:
-
O engenheiro é simpático. Tipo atleta, hem? Parece mais artista de cinema… Vai
virar a cabeça de muita menina…
-
É casado – informou João Fulgêncio.
-
Separado da mulher… - completou Nhô-Galo.
Como já sabiam daquelas intimidades do
engenheiro? João Fulgêncio explicava: ele próprio contara depois do almoço
quando o Capitão o trouxera à Papelaria. A mulher era maluca, estava num
sanatório.
Sabe quem está neste momento conversando
com Mundinho? – perguntou Clóvis Costa, até então calado, olhos na rua,
esperando ver os moleques a vozear o Diário de Ilhéus.
-
Quem?
-
O coronel Altino Brandão… Vende este ano sua safra a Mundinho. E pode ser que
negocie seus votos também… - Mudava o tom de voz – Porque diabo não está o
jornal já circulando?
(Click na imagem da jovem meditando nos mistérios da noite)
<< Home