HOJE É
DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém)
Ainda bem que por estes dias vamos tendo o Campeonato Mundial de Futebol e as suas vulgaridades repetidas até à exaustão por comentadores, treinadores, jogadores ou simples opinadores, para nos distraírem de outras notícias, as que nos angustiam e deprimem pela ameaça que representam ao nosso futuro próximo.
A nossa equi pa
conseguiu uma vitória sobre a Dinamarca com um terceiro golo a 3 minutos do fim
obtido pelo Varela, o tal que o seleccionador, quando treinador do meu Sporting,
não qui s porque ele não servia para
a equi pa…
Pelos vistos, treinadores e governantes
são homens de convicções, erradas que sejam, mas sem elas não estariam onde
estão ou não seriam o que foram.
Lembram-se das afirmações convictas de
José Sócrates até ao último dia do seu governo? … Pelos vistos, a honestidade
intelectual e a humildade face às coisas incertas, não “casam” com o poder seja
de um treinador ou de um governante.
Quem irá ganhar o Campeonato Europeu de Futebol? – Seja quem for só é importante no plano das emoções do momento porque as nossas vidas prosseguirão indiferentes mas, quem ganhará o “braço de ferro” entre a Grécia e Bruxelas ou a Srª Merkel, esse, sim com repercussões nas nossas vidas?
- Dizem que se decide tudo no próximo mês de Julho. Será?... Há quanto tempo andamos a ouvir este adiar de decisões? Que cenários estarão a ser avaliados pelas autoridades europeias?
Quem não está preocupado com nada disto,
ou fazendo figas para que tudo corra pelo pior, são as autoridades do Irão que
decidiram proibir as mulheres de assistirem aos jogos de futebol do Campeonato
Europeu nos ecrãs gigantes espalhados pelo país, tendo o Comandante da Polícia
explicado que «o ambiente em torno dos jogos é inapropriado porque os homens
quando vêm futebol ficam excitados, tornam-se vulgares e até dizem piadas
porcas. As mulheres até devem agradecer ao governo por esta decisão porque
ficam protegidas.»
… Apesar de tudo, prefiro a angústia do
euro a homens como este a tomarem decisões no meu país.
Mas, voltando ao sério e deixando para trás esta «aberração da natureza humana» naquela que foi a Pérsia da bela Imperatriz Farah Diba, a situação que vivemos na Europa e no mundo faz-me lembrar uma equação matemática a tantas incógnitas que nem o mais potente computador a consegue resolver por muitas convicções que existam a este respeito por parte dos políticos.
Será que é esta dificuldade na resolução do problema que nos faz parecer os políticos fracos e incapazes?A mim, parece-me mais uma luta das forças do Bem contra as do Mal com muitas outras coisas à mistura porque nada é simples, nada é a preto e branco no que ao homem diz respeito.
De qualquer maneira, são eles, os políticos, os grandes responsáveis, não os únicos, mas vivendo a Europa em democracia, os principais. Não há mais que nos desculpar com o Salazar, o Franco e outros ditadores de má memória, alguns dos quais nos arrastaram para a guerra, morte e destruição.
Não, os nossos políticos foram para o poder escolhidos por nós e no acto de posse para o início das suas funções juraram defender os interesses dos cidadãos.E será que defenderam?
- Impossível, quando o poder político permitiu a crise do subprime nos EUA por falta de uma regulamentação séria da actividade financeira que concedeu crédito de uma forma perfeitamente desgarrada e que, por isso, não veio a ser paga arrastando para a falência todos os sectores económicos…
E a conversa é quase sempre a mesma: o recurso ao crédito que, mesmo quando não é fraudulento, inadequado, está, simplesmente para alem das possibilidades de pagamento de quem o pede hipotecando o futuro das gerações seguintes.
Recordam-se, quando há anos um senhor madeirense que negoceia em tudo incluindo colecções de arte moderna e veste de preto, pediu à Caixa Geral de Depósitos, Banco do Estado, umas centenas de milhões de euros, não para montar uma indústria ou qualquer outra empresa que produzisse riqueza e criasse emprego, mas para comprar acções do BCP, Banco Privado, e entrar em força no seu capital?
E qual era a garantia? – As próprias acções que estavam então quase a 4 euros cada e hoje se vendem, mais ou menos, ao preço de um café.E os negócios do BPN e do BPP, dos senhores Oliveira e Costa - preso - e João Rendeiro - constituído arguido - considerados pelo então Governador do Banco de Portugal, Victor Constâncio, pessoas de toda a confiança e competência e, no entanto, enganaram o Estado, o Director do Banco de Portugal e milhares de pessoas em milhares de milhões de euros que agora estamos a pagar com os nossos subsídios de Férias e de Natal que já não recebemos.
Foi agora preso e condenado nos EUA a 110 anos de prisão o senhor Allen Stanford por ter burlado investidores em 7.000 milhões de dólares. O Sr. Madoff, em 2009, deu sumiço a 50.000 milhões e foi condenado a 150 anos.
O esquema é sempre o mesmo: o da pirâmide, já usado pela “nossa” Dª Branca, aquela velhinha simpática de cabelos brancos, a quem chamaram “A Banqueira do Povo”, há cerca de trinta anos. Pagava 10% de juros ao mês (o juro oficial era, então, 30% ao ano) com o dinheiro que as pessoas, levianamente, lhe iam entregando. Ainda se chegou a dizer que era negócio de armas ou de drogas… Não, nada disso, tudo muito mais simples e inofensivo. Um dia a pirâmide veio a baixo e tudo se esfumou... A Dª Branca também foi para a prisão mas depois tiveram pena dela, era doente e acabou num lar de velhinhos, abandonada por todos, mesmo na hora do seu enterro, uma miséria.
A quem se pode assacar a responsabilidade de todos estes factos senão aos políticos que juraram defender os interesses dos cidadãos e não o fizeram permitindo que todas essas fraudes acontecessem nas suas barbas?
Entretanto, embalámos numa fúria
consumista porque esse era o exemplo que vinha dos governos, aqui e em Espanha onde, só em 30 projectos de Obras
Públicas, se gastaram mais de 6.000 milhões que estão a custar agora, na pior
altura, aumento de impostos aos espanhóis: Dez sumptuosos Aeroportos, Poli Desportivos,
Edifícios de Câmaras Municipais, Centros de Congresso, etc… como se o mundo
fosse acabar agora e, de repente, fosse preciso deixar obra feita. E depois não digam que a Srª Merkel não
tem alguma razão…
A economia deixou de ser importante, o dinheiro ganha-se com o próprio dinheiro criando riquezas fictícias, rápidas, oásis irreais de bem-estar que, de repente, se revelam miragens. Quem tem medo do poder financeiro?
Já em 2006, a quando da crise dos Bancos nos EUA, se
percebeu que sem medidas de rigorosa fiscalização da actividade bancária e
financeira tomadas a nível mundial, os cidadãos do mundo estariam à mercê
destes senhores.
É preciso apostar cada vez mais na
componente política, na capacidade reguladora e fiscalizadora dos Estados, na
democracia que responsabiliza os governantes.
A
actividade bancária e os interesses financeiros devem estar ao serviço das
economias e da sociedade. Sem controle rigoroso, com espaço de manobra, acabará
sempre por impor os seus próprios e mesqui nhos
interesses.
THOMAS JEFFERSON – 3º Presidente dos E.U.A. escreveu em 1802:
-
Acredito que as instituições bancárias são mais
perigosas para as liberdades que o levantamento de exércitos. Se o povo
americano alguma vez permitir que bancos privados controlem a emissão de moeda,
primeiro pela inflação e depois pela deflação, os bancos e as empresas que
crescem à roda dos bancos despojarão o povo de toda a propriedade até os seus
filhos acordarem sem abrigo no continente que os seus pais conqui staram.
Isto está a acontecer. A distribuição da riqueza é cada vez mais desigual, a classe média, motor das nossas sociedades, está mais empobrecida, o dinheiro na mão de cada vez menos pessoas e o crédito bancário não flui para as empresas e para os investimentos produtivos como devia. Tudo isto é grave e ameaça a paz e a estabilidade social.
A tremenda desconfiança revelada neste texto por Thomas Jefferson relativamente a banqueiros e instituições bancárias, revelou-se premonitório.
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