À ENTREVISTA Nº
52 SOBRE O TEMA:
“AS PROSTITUTAS PRIMEIRO?” (5)
Uma Profissão, Ou uma Opção?
Elizalde diz: Uma
coisa é exercer a prostituição, responsavelmente ou não, e outra é escolhê-la
livremente. Quando dizemos que uma
mulher escolhe a prostituição, subentendemos que o faz com inteira liberdade
mas esse é outro grande mito associado ao fenómeno da prostituição. Ela não é
não é uma causa, mas um efeito e, assim, a opção de escolher o caminho do sexo
para satisfazer ambições pessoais é precedidos pelo condicionamento social,
educacional, familiar, económico, a pré-determiná-la, e essa análise é muito
importante para na elaboração de estratégias para a reabilitação social da
prostituta, para evitar agir contra a vítima, e não contra o mal.
Chamar às prostitutas "mulheres de vida
fácil" ou, pior ainda, de "vida feliz" é uma das mentiras mais
escandalosas que podem ser ditas neste planeta. Estas definições foram certamente
alcunhadas pelos clientes na perspectiva do comprador para o libertar da culpa
quando está a pagar.
A vida de uma
prostituta não é fácil nem feliz, mas eles são o preconceito de género tão
arraigado, que às vezes até se assumir a culpa da imagem frívola que fica para
o cliente e o proxeneta, dois elementos da cadeia que têm igual perigosidade
social pelo seu papel na institucionalização da exploração sexual. Tende-se a identificar a prostituta que
é a sua cara mais visível e frágil.
Os personagens mais sinistros nesta
história não costumam emergir das sombras. Mas
a pessoa que põe o corpo em venda, a que especula com a sua dignidade, ainda
que não o queira admitir, é marcada por uma experiência devastadora e pela
tortura permanente de culpa.
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